Dica de Filme

Tudo Sobre Minha Mãe
1999
Direção: Pedro Almodóvar


Pedro Almodóvar sempre foi o queridinho de muitos cinéfilos, porém, seus filmes, na maioria, sempre pecaram num aspecto: o exagero. Tudo bem que, num certo ponto, trata-se de "estilo", mas, enquanto Tarantino, por exemplo, usa-o como parte narrativa, Almodóvar se limita, quase sempre, a apenas adornar suas produções com isso. Em seu cinema, o estranho é excessivamente freak e o drama é extremamente novelesco. Ironicamente, quando ele equilibra esses mundos, e se mostra mais contido, consegue fazer obras melhores. "Tudo Sobre Minha Mãe" demostra isso. Seu enredo poderia ser desculpa para diversos maneirismos do diretor, mas este se controla, e consegue ótimos resultados.



A estória foca na personagem Manuela. O começo do filme retrata sua convivência com o filho adolescente Esteban, um rapaz inteligente, amante de literatura e teatro. Por sinal, é o teatro que vai permear toda a narrativa, mais precisamente a peça "Um Bonde Chamado Desejo", que Manuela encenou antes do nascimento de Esteban, e que foi na companhia teatral que ela conheceu o pai de seu filho. O que ela não conta para o jovem é que o seu pai virou travesti após seu nascimento, gerando alguns conflitos entre eles. Numa determinada noite, ela e o filho vão à mais recente versão de "Um Bonde Chamado Desejo" na cidade, e ele acaba sendo atropelado e morto quando tentava pegar um autógrafo da atriz principal. Ela, então, resolve ir à Barcelona encontrar o pai de Esteban, e dizer que o filho que ele nunca viu morreu.


Os acostumados com o cinema de Almodóvar podem até não acharem nada de mais nesta trama, mas o que realmente importa aqui é como ela é contada. Poucas coisas são gratuitas e os dramas são mais reais, mais palpáveis. Os personagens são bastantes humanos e a estória flui sem dificuldades. Só as atuações que são somente competentes; nada de mais. Outro ponto a favor são as referências culturais que o enredo nos oferece, indo do teatro (o já citado "Um Bonde Chamado Desejo") até a literatura (Truman Capote).


Almodóvar, claro, não abandonará sua zona de conforto, porém, seria ótimo vê-lo ir além das expectativas para poder nos proporcionar filmes um poucos melhores do que, usualmente, ele nos oferece.


NOTA: 8,5/10

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