Dica de Disco

De La Tierra
2014
Artista: De La Tierra


Às vezes, expectativas erradas podem estragar um bom resultado. Quando foi anunciada a formação da banda De La Tierra, cuja proposta era fazer um "rock latino" (sendo lá o que isso queira significar), muitos esperavam que o primeiro disco tivesse um som calcado somente no Sepultura, devido a Andreas Kisser fazer parte do conjunto. Esqueceram-se, no entanto, que o De La Tierra não é um projeto solo de Andreas, e sim um grupo formado por outros integrantes, nas quais as influências são, de fato, bem diferentes.

Além de Andreas na guitarra, temos o Sr. Flavio (do Los Fabulosos Cadillacs) no baixo, Alex “El Animal” González (do Maná) na bateria e Andrés Giménez (do A.N.I.M.A.L) nos vocais. No balanço geral, são duas bandas de heavy metal, e outras duas que flertam com um pop bem leve e radiofônico. É claro que, numa banda de rock, a guitarra quase sempre se sobressai, e aqui fica claro um ou outro som relacionado ao Sepultura. Mas, não chega tão perto. E, isso é ótimo.


A partir do momento em que componentes de bandas tão díspares se juntam, isso acarreta uma variedade maior à proposta original. O disco, em si, começa de forma climática, com a introdução "D.L.T." (a própria abreviatura da banda) para desembocar na muito boa "Somos Uno". Há outras canções que merecem destaque, como a pesada "Maldita Historia" e a (quase) hardcore "Cosmonauta Quechua".

Dos integrantes do De La Tierra, o foco, obviamente, vai para Andreas Kisser, e este não decepciona. Sua guitarra ora parte para passagens mais trabalhadas e melódicas (com belos solos), ora vai numa linha mais rápida, beirando o punk, e lembrando um pouco o Sepultura do início dos anos 90. O baterista Alex "El Animal" também está bastante entrosado, e trazendo algumas levadas um pouco diferentes do habitual, principalmente no começo de algumas músicas. E, Andrés Giménez e Sr. Flavio completam o time com competência.


Reclamaram demais que esse disco poderia ter sido mais "furioso", mais "nervoso", porém, francamente, não há a mínima necessidade disso. O caminho que o De La Tierra quer trilhar não tem nada a ver com algo mais extremista. Logicamente que é o tipo de trabalho que precisa de umas "escutas extras" para ser melhor apreciado. E, não é que falte peso; é preciso somente que haja harmonia em certas partes, o que deixaria algumas canções mais "redondas".

Apesar disso, o primeiro disco do De La Tierra é muito consistente, e chega a ser melhor do que alguns álbuns lançados por aqui sob a alcunha de "rock". É uma banda que, com um tom mais direcionado e livre, ainda renderá muito. Basta não querer que soem como meras cópias de suas outras bandas.



NOTA: 7,5/10

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