Debate Sócio-Político
FEMINISMO TABU
ERICK SILVA
FEMINISMO TABU
Conversar sobre feminismo está ficando cada vez mais difícil (se é que algum dia, chegou a ser fácil). O problema é que a má vontade reina absoluta a respeito de certos temas, e como o individualismo é pregado que nem uma religião, ninguém se coloca no lugar do outro (nesse caso, das mulheres que pedem direitos igualitários). Até mesmo muitas mulheres se colocam contra o feminismo, baseadas no receio de serem hostilizadas em seus meios sociais por causa dessas ideias.
Primeiro, é bom falar: somos hipócritas, o que dificulta ainda mais as coisas. Muitos (homens, em sua maioria) criticam o feminismo sob o pretexto de que suas integrantes se focam em bobagens, como o direito de não depilarem axilas. Pode até ser besteira, em linhas gerais, reconheço, mas o que dizer da revolta de uma grande parcela de homens que se sentiram agredidos pelo comercial de TV da Gillete, que colocava o padrão de beleza masculina como alguém que se depila? Ora, não seria essa uma bobagem também? Por que os homens se revoltaram contra isso, se eles não são bombardeados diariamente por imposições de comportamento, como eles devem se vestir e tudo mais? Ou seja, não tinham o direito de reclamarem do tal comercial, pois pressão nunca sofreram nesses parâmetros. Por isso, deixem as mulheres protestarem pelo uso do corpo delas como quiserem, e pronto.
Feministas ainda têm suas vozes distorcidas por quem acha conveniente.
Outra questão sobre o posicionamento equivocado contra o feminismo é que muitos criticam a agressividade nos protestos desse movimento. O problema é que a "agressividade" em questão se resume a um ou dois casos isolados. Lembram-se daquelas duas garotas que, seminuas, masturbaram-se com imagens sacras do catolicismo? Pois, bem, não concordo com tal atitude, acho de extremo mau gosto, porém, é o típico caso de um em um milhão. São centenas de protestos feministas todos os anos, envolvendo milhares de pessoas, e os críticos de plantão só possuem esse (lamentável) acontecimento para citarem. Má-fé deles, no mínimo.
Em geral, as críticas às instituições religiosas são bastante coerentes.
E, pra completar, os anti-feministas estão atrasados, defasados. Proposital, ou não, muitos só citam notórias feministas, como Simone de Beauvoir, cujas ideias já estão ultrapassadas há tempos. Não se dão ao luxo de pesquisarem que muitas vertentes do feminismo já adotam pensamentos mais contemporâneos, como o de Judith Butler, por exemplo. Mas, não. Pra falar mal do feminismo, tudo vale, e pesquisar o mínimo que seja se torna perca de tempo. Sempre pelo caminho mais fácil.
A filósofa Judith Butler é, atualmente, uma das mais representativas dentro do movimento feminista.
Não quero aqui dizer que o movimento feminista deva ser isento de críticas. Jamais posso concordar com isso. Qualquer movimento, qualquer pessoa (ou grupo de pessoas), qualquer instituição, qualquer coisa, enfim, precisa receber construtivas críticas, caso contrário, torna-se algo absolutista e opressor. Porém, a crítica é diferente do "ser contra", do propagar que algo deva ser banido por ser inútil.
E, quem acha o feminismo inútil? Boa parte dos homens e algumas mulheres que não querem abalar o seu status quo (principalmente, religioso). Portanto, não há critérios válidos para os anti-feministas alicerçarem suas ideias, apenas um desejo louco de deixarem as coisas como estão pelos seus próprios interesses.
As mulheres ainda precisam lutar para serem tratadas de forma digna e respeitosa.
Por isso, ainda prefiro as feministas radicais aos que se posicionam terminantemente contra a esse movimentos. As radicais, ao menos, em grande parte, são apenas imaturas, e isso tende a desaparecer com o tempo. A má-fé por conveniência, ao contrário, está diretamente atrelada ao caráter, e quanto a isso a questão se torna bem mais complicada.
Sem esse entendimento, ainda demoraremos muitos a termos uma equidade aceitável entre homens e mulheres; algo que, por enquanto, ainda está no campo da utopia.
A luta, porém, continua...
ERICK SILVA
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