Dica de Filme
Shortbus
2005
Direção: John Cameron Mitchell
NOTA: 8,5/10
Shortbus
2005
Direção: John Cameron Mitchell
As necessidades humanas; tão frágeis e tão desconcertantes, que buscamos por elas com frequência. Pode parecer vaidade, mas, é só carência. Pode ser extravagância, porém, acaba sendo a busca por um sentido real da vida. A corrida pelo prazer, a obrigatoriedade do carnal, das paixões, cada vez precisando ser mais profundas, mais sinceras, mais espontâneas. Em linhas gerais, é mais ou menos disso que trata "Shortbus".
Engana-se quem pensa que se trata de um filme erótico, ou uma mera comédia. Mas, não se culpem; ele foi vendido assim, e justamente por isso, foi um pouco mal-interpretado quando estreou nos cinemas. Só que essa confusão parece ter sido proposital. O diretor (e, também roteirista) John Cameron embalou reflexões bastante dolorosas em cenas leves, despojadas. Durante uma "brincadeira", por exemplo, um dos personagens diz: "Com 11 anos, eu escrevia um diário, e hoje me pego desejando as mesmas coisas dessa época."
Não há um protagonista aqui. Talvez a que mais se aproxima dessa definição seja Sofia, uma terapeuta de casais, com dificuldades de conseguir um orgasmo. Ao redor dela, transitam pessoas como James e Jamie, dois homens que estão enfrentando um crise no relacionamento, principalmente, devido à depressão de um deles. Há ainda Severin, uma dominatrix que tentar ajudar Sofia, mas também possui seus problemas existenciais.
Eles, e tantos outros, encontram-se no Shortbus, um clube no "inferninho" de Nova York que recebe com alegria todos aqueles que são rejeitados pela sociedade. Lá, tentam se enturmar, procurar seus nichos, grupos do qual se sintam bem. Falam de suas angústias, sofrimentos e decepções. E, transam (muito). Como uma válvula de escape, sem pudores, preconceitos ou qualquer tipo de amarra, sentem-se um pouco livres por compartilharem momentos tão íntimos.
Essas cenas, mesmo explícitas, por incrível que pareça, não são apelativas. É como um "Azul é a Cor Mias Quente" mais diversificado, digamos assim. As cenas de maior empatia sexual se dão entre James, Jamie e um novo parceiro que conheceram no clube, Ceth. Ajudou muito o diretor ter usado atores amadores para o filme, que ele escolheu numa seleção de vídeos, onde cada um descrevia uma experiência sexual importante que tiveram.
A trilha sonora, um indie do "bem", é quase um personagem à parte. Traduz com naturalidade o estado de espírito de cada um, e transmite uma boa mensagem de harmonia; ao final, o objetivo principal de "Shortbus" (tanto o clube, quanto o filme, diga-se). E, as estórias individuais, mesmo parecendo diferentes entre si, completam-se num mosaico de diversidades, onde se mostra o quanto as pessoas são frágeis, contudo, persistentes.
Pode até ser considerado um filme fácil de assistir (mesmo depois do espectador ser surpreendido com "alfinetadas" sobre a vida), porém, com certeza, não é uma produção simplista. Fala mais do que se percebe; estimula mais do que aparenta. Uma pequena pérola do cinema independente recente que, de fato, instiga e é bem interessante.
NOTA: 8,5/10
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