Dica de Disco
Rust
2016
Artista: Stone Cream
NOTA: 7,5/10
Rust
2016
Artista: Stone Cream
O mercado da música, a cada ano, cresce em termos quantitativos, mas, continua sempre com os mesmos vícios. Enquanto somos constantemente bombardeados por novos artistas de qualidade duvidosa, ou até mesmo alguns cânones musicais, mas, que hoje não conseguem fazer mais nada de relevante, ótimas bandas surgem todos os dias, e, por não ser dada a devida atenção, muitas duram o suficiente para lançarem apenas um disco, e nada mais. Os motivos para que isso aconteça são muitos, em especial, o fato de termos um público cada vez menos exigente, e quem sai perdendo é quem tenta encontrar algo de novo que seja, pelo menos, bom (não precisa reinventar a roda).
É o caso da novíssima Stone Cream. Em outros tempos (digamos, por exemplo, no início dos anos 90, auge do grunge), ela talvez passasse despercebida, e seria "apenas" mais uma banda competente. Mas, como hoje em dia não vemos a maioria, sequer, conseguir fazer um bom "feijão com arroz", este grupo de stoner rock acaba se tornando uma grata surpresa agora já no final de 2016, e um alívio aos ouvidos. Originária da Grécia, a Stone Cream tem um pouco de tudo de melhor que o rock alternativo teve anos atrás, do Pearl Jam, passando pelo Soudgarden, e desembocando mais especificamente no Monster Magnet.
O que esperar do som de estreia deles, "Rust"? Obviamente, muitas guitarras distorcidas, letras passionais e ao mesmo tempo lisérgicas, e um vocalista bastante rouco, como se estivesse bêbado, ou em algum outro "plano" da realidade, se é que me entendem. São cerca de 33 minutos de sonzeira, e não muitas variações ao longo das canções, todas tendo, basicamente, a mesmo estrutura. Mesmo um tanto previsíveis, as composições do disco são muito boas, e funcionam bem dentro do estilo proposto. A abertura, com "Jail Dog" é a prova disso: efeitos "viajantes", e muito blues rock no decorrer dela (uma das melhores do disco, por sinal).
A "pegada" das canções segue o mesmo perfil, caso das ótimas "Broken Child" e "Galiandra", em que o vocalista encarna um Eddie Vedder um pouco mais tenso e nervoso. Já, "Ghost" é Monster Magnet em estado bruto, e tem bem aquele estilo de trilha sonora "chapante" para se ouvir na estrada. Mesmo que as influências aqui sejam visíveis, e saibamos exatamente o que esperar, alguns momentos pecam pelo excesso de falta de criatividade (mesmo dentro de uma certa zona de conforto), caso da penúltima canção do disco, "Haunted Train", que poderia, claramente, ter sido melhor trabalhada.
Ao final, temos um bom disco de rock, coisa incrivelmente rara neste ano de 2016, em que poucos lançamentos, principalmente do mainstream, salvaram-se. Diante desse quadro, não se sabe o futuro do grupo Stone Cream. Estariam confinados a um único (bom) disco, ou a sorte vai ser favorável a eles, e, mesmo aos trancos e barrancos, poderão ter uma carreira vindoura? O que é certo mesmo é que os rapazes têm competência, sabem tocar, e com uma produção certa, podem até surpreender. Porém, é uma pena que eles estejam na época errada, aonde o que impera é a mesmice. Mesmo assim, torçamos pela banda. O som que fazem é merecedor de uma atenção extra.
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NOTA: 7,5/10
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