Dica de Disco ("DEIXA QUIETO" - MACACO BONG)
Dica de Disco
Deixa Queito
2017
Artista: Macaco Bong
Obviamente, que os fãs mais ardorosos do Nirvana, de início, podem torcer o nariz pra esse tipo de material. E, não porque ele seja ruim, mas, pelo próprio sentimento de fã mesmo, que impede muitos de abrirem as suas cabeças a novas ideias. Pois, pra quem realmente gosta da antiga banda de Kurt Cobain e cia, não tem do que reclamar, afinal, a Macaco Bong conseguiu realizar uma baita homenagem sem descaracterizar o próprio grupo.
Suas versões para as músicas de "Nevermind" conseguem a proeza de passarem aquela vibração que reinava em Seattle no início da década de 90 com bastante competência, mesmo em se tratando de canções instrumentais. Nada aqui soa maçante ou arrastado, fazendo com que as composições tenham o feeling e a dinâmica necessárias para deixarem o ouvinte atento até o fim.
NOTA: 8/10
Deixa Queito
2017
Artista: Macaco Bong
REELEITURA INSTRUMENTAL DE "NEVERMIND" SURPREENDE AO CAPTAR BASTANTE DA ENERGIA E DA URGÊNCIA DO CLÁSSICO DO NIRVANA
Pra se manter da arte, às vezes, é preciso uma boa dose de ousadia. Só que não apenas ousadia, mas, também saber o que se quer, qual fonte pegar para fazer o seu trabalho.
A banda de rock instrumental Macaco Bong, então, depois de cinco discos razoavelmente bons, lança o seu 6º álbum com uma tarefa inusitada: fazer uma reeleitura daquele que é considerado o disco ícone da geração dos anos 90: "Nevermind", lançado pelo Nirvana em 1991, e que, até hoje, causa verdadeiras hecatombes na indústria fonográfica, sendo trabalho fundamental que vem influenciando diversas bandas independentes nas últimas duas décadas.
Mexer num clássico assim parecia arriscado demais, não é? Mas, com categoria ímpar, a Macaco Bong conseguiu fazer uma homenagem diferente, autoral e que não desrespeita nem descaracteriza o produto original. O resultado? Um discão, talvez, o melhor que a banda mato-grossense lançou até hoje.
O que o guitarrista Bruno Kayapy, o baixista Daniel Hortides e o baterista Renato Pestana não foi nada simples. O power trio não se limitou a copiar os arranjos das doze canções que compõem "Nevermind", mas, também incrementaram as composições com novas texturas, novos sabores, novas camadas. A base está ali, porém, com a cara da Macaco Bong, num som que ela já domina como poucas no cenário atual.
Além disso, o título das músicas também foi modificado, para, digamos, ficarem mais "adequadas" ao nosso dialeto nacional. O resultado são algumas "traduções" bem sacadas e humoradas, como "Com Easy Ou Uber" (versão de "Come As You Are") e "Smiles Nike Tim Sprite" (originalmente, "Smells Like Teen Spirit").
Além disso, o título das músicas também foi modificado, para, digamos, ficarem mais "adequadas" ao nosso dialeto nacional. O resultado são algumas "traduções" bem sacadas e humoradas, como "Com Easy Ou Uber" (versão de "Come As You Are") e "Smiles Nike Tim Sprite" (originalmente, "Smells Like Teen Spirit").
Obviamente, que os fãs mais ardorosos do Nirvana, de início, podem torcer o nariz pra esse tipo de material. E, não porque ele seja ruim, mas, pelo próprio sentimento de fã mesmo, que impede muitos de abrirem as suas cabeças a novas ideias. Pois, pra quem realmente gosta da antiga banda de Kurt Cobain e cia, não tem do que reclamar, afinal, a Macaco Bong conseguiu realizar uma baita homenagem sem descaracterizar o próprio grupo.
Suas versões para as músicas de "Nevermind" conseguem a proeza de passarem aquela vibração que reinava em Seattle no início da década de 90 com bastante competência, mesmo em se tratando de canções instrumentais. Nada aqui soa maçante ou arrastado, fazendo com que as composições tenham o feeling e a dinâmica necessárias para deixarem o ouvinte atento até o fim.
Há ótimos destaques no decorrer do disco, e um deles é, justamente, a abertura, com uma swingada versão para "Smells Like Teen Siprit", que aqui virou "Smiles Nike Tim Sprite". Ah, e é bom salientar: o famoso riff da canção original está bastante identificável na versão da Macaco Bong, sendo as improvisações que aparecem no meio o grande atrativo da composição.
Sem ficar atrás, "Móviaje" e "Nublum" (as versões para "On a Plain" e "In Bloom", respectivamente) oferecem reeleituras bem interessantes (e, instigantes) para música amplamente conhecidas, principalmente, "Nublum", que manteve a essência dançante de sua progenitora. "Briza" (nome dado para "Bleed") rivaliza com a original em termos de energia, fazendo dela um dos pontos altos de "Deixa Quieto". No entanto, chega "Loló" (versão para "Polly"), que não chega a se destacar, apesar da boa condução "viajante" da composição.
"Com Easy ou Uber" (ou, a "Come As You Are" da Macaco Bong) volta a deixar o álbum bem acima da média, com mais peso do que cadência, e um quê melódico que casou muito bem com a música original. "Lírio" (versão para a fantástica "Lithium") é outro petardo do disco, com uma performance incrível da banda, e naquela mesma esquema: a baseado, a melodia e a harmonia originais estão ali, só que com a acara da Macaco Bong. Dá pra imaginar, fácil, a empolgação de uma sonzeira dessas num show ao vivo.
Segue para "Drive-in You" e "Salão" (na ordem, as antigas "Drain You" e "Lounge Act"), e aí percebemos o quão a Macaco Bong conseguiu não só fazer uma homenagem respeitosa a um dos ícones do rock garageiro da geração anos 90, como também soube imprimir sua marca registrada sem que tudo soasse uma mera cópia. É som com energia, com punch. Uma cadência marcante, misturada com muito microfonia, toma conta com "Território Piercing" (versão para a explosiva "Territorial Pissings").
O disco se encerra de forma bastante experimental e climática com "Longe de Tudo" (a original "Stay Away") e "Somente Whey" (fazendo as vezes de "Something In The Way"). Desfecho honesto e interessante, apesar de um tanto arrastado.
Meio que de mansinho, sem que se esperasse, a Macaco Bong lançou um dos melhores discos de rock brazuca deste ano, mesmo em se tratando de uma reeleitura. Sem esquecer suas raízes, a banda mato-grossense conseguiu fazer o que mais gosta (rock explosivo e garageiro), homenagear um dos melhores grupos dessa geração recente e ainda nos presentear com um dos melhores álbuns do ano. Kurt, com certeza, ficaria satisfeito.
NOTA: 8/10
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