lista de fim de ano ("melhores discos de 2018")

Melhores Discos de 2018


2018 foi um ano difícil. Muito difícil. Não, necessariamente, artisticamente, mas, socialmente falando. Foi um período onde tivemos uma ascensão perigosa de um pensamento conservador bastante nocivo, e que fez pessoas se digladiarem (principalmente, nas redes sociais), tornando o clima pesado demais. 

A arte, no entanto, como sempre, fez as vezes de nos distanciar um pouco da realidade, seja para viajarmos para lugares mais tranquilos e ensolarados, seja para refletirmos de maneira mais acertada nossas militâncias. Tanto faz. Rock, hip-hop, maracatu e até blues embalaram muitos ouvidos nesses últimos 365 dias, e o resultado está nesta modesta lista de 15 ótimos álbuns lançados este ano (e, o que deu tempo pra escutar também, em meio a tanto alvoroço).

Por um 2019 mais ameno. Se não, com mais luta. E, com muita música boa.


"Boarding House Reach"
Jack White
Jack White continua firme e forte como um dos artistas mainstream mais criativos da atualidade, além de ser um tremendo guitarrista. Neste seu mais novo disco, o músico explora outras sonoridades, assim como vinha fazendo em trabalhos anteriores, só que de maneira ainda mais interessante. Um típico artista do qual não sabemos o que fará em seu próximo lançamento.


"The Now Now"
Gorillaz
Mesmo que o Gorillaz, de certa forma, não seja mais "novidade" em se tratando da fórmula de criar "personagens" que fazem parte de uma banda, os responsáveis por trás do projeto continuam lançando álbuns de muito bom gosto musical, sempre com aquela boa e velha mescla de ritmos que acompanha o Gorillaz desde o estrondo de 17 anos trás.


"Firepower"
Judas Priest
Para um dinossauro do metal, viver das glórias do passado, sem produzir música nova, seria muito fácil. Felizmente, os veteranos do Judas Priest mostram que ainda têm gás para mostrar com quantas notas por segundo se faz rock pesado. Para novos e velhos fãs chorarem de alegria.


"Sonorosa"
Mestre Anderson Miguel
O maracatu, o coco e a ciranda continuam sendo algumas das expressões artísticas mais belas que o Brasil ainda consegue preservar. E, o melhor de tudo: o aparecimento de jovens talentos como o Mestre Anderson Miguel mostra que esses ritmos estão longe de se tornarem peças de museu.


"Black Coffee"
Beth Hart & Joe Bonamassa
A segunda parceria em um disco de estúdio de Beth Hart e Joe Bonamassa é a prova de que, muitas vezes, existem artistas que foram feitos um para o outro, pois este disco é bem melhor do que os mais recentes álbuns-solo de ambos. Um show de bom gosto, com muito rock, blues e swing.


"Please Don't Be Dead"
Fantastic Negrito
Pra quem acha que o blues está "morto", ou que é simplesmente "coisa de velho", ultrapassada, precisa escutar este disco aqui, que dá uma bela revitalizada no estilo. Negrito, que sobreviveu a um acidente que quase lhe tirou a vida, mostra que a arte pode reerguer uma pessoa em meio às dificuldades. Um discaço, com uma sonoridade bastante peculiar.


"Deus é Mulher"
Elza Soares
Que fase maravilhosa de Elza Soares! Depois do ótimo "A Mulher do Fim do Mundo", ela surge novamente com um disco empoderado, moderno e cheio de atitude. Talvez, não tão inspirado quanto o trabalho anterior, mas, ainda assim, que vale a pena ser conferido.


"Freedom's Goblin"
Ty Segall
Ty Segall mostra que o rock lisérgico dos anos 60 e 70 está mais influente do que nunca, gerando bandas e artistas com um som retrô muito bem vindo. O talentoso Segall, pelo visto, continuará com a prazerosa tarefa de nos teletransportar no tempo através do seu som.


"Bluesman"
Baco Exu do Blues
Muito bom saber que existem artistas nacionais que fazem um trabalho "fora da caixinha", buscando possibilidades e temáticas diversificadas, mesmo em estilos sólidos, como o hip-hop, por exemplo. O rapper baiano Baco Exú do Blues é um deles.


"Tell Me How You Really Feel"
Courtney Barnett
A australiana Courtney Barnett pode, muito bem, ser considerada como a trovadora dos novos tempos, uma espécie de Patty Smith da atualidade. A comparação não é descabida. O som minimalista combina muito bem com letras muito bem escritas. O mais impressionante é que este é apenas o segundo disco dela.


"Sistema Feminino"
Melanina MC's
A revolução há de ser feminista, inclusive na música. Cada vez mais artistas mulheres (em especial, na cena rap) estão mostrando que não estão pra brincadeiras, ao mesmo tempo que produzem um som de bastante qualidade. Exemplo? As garotas do Melanina MC's.


"Anthem of the Peaceful Army"
Greta Van Fleet
Existe uma parte do público de rock que é irritante, e faz o estilo ser estigmatizado por aí. É o que acontece quando se trata, por exemplo, do Greta Van Fleet, cuja implicância se dá unicamente pelo fato do vocalista Josh Kiszka ter um timbre que lembra muito Robert Plant, do Led Zeppelin. E, é só isso mesmo; implicância. Pois, o som do grupo é um baita rock n'roll, que, felizmente, está conquistando cada vez mais fãs.


"Mulamba"
Mulamba
Começando como um projeto para tocar covers da nossa saudosa Cássia Éller, o Mulamba, felizmente, decidiu lançar material próprio, e o resultado é este poderoso disco homônimo, que, mesmo flertando com estilos bem distintos, é rock em essência, mas, também é consciência, é revolta, é luta. Um dos petardos do ano.


"Tranquility Base Hotel & Casino"
Arctic Monkeys
Um dos discos mais aguardados, comentados e polêmicos do ano. Quem esperava que a banda fosse voltar aos primórdios de um som mais simples do início de sua carreira, eis que eles surgem com um álbum complexo em termos de sonoridade e de letras também. Um disco difícil (impossível não pensar nesse clichê), que pede sucessivas ouvidas para ser digerido.


"Rainer Fog"
Alice in Chains
"Rainer Fog" é a constatação de que o Alice in Chains voltou pra ficar. Trata-se do álbum mais maduro da fase William DuVall, com músicas intensas bem ao estilo Alice in Chains, e uma sonoridade coesa. Mesmo pesado, é um disco agradável de ouvir. Baita lançamento de rock em um tempo onde o som dessa banda de Seatlle faz todo o sentido.




Comentários