DICA DE FILME ("A MORTE PEDE CARONA")

 Dica de Filme


Título: A Morte pede Carona
Ano de lançamento: 1986
Direção: 
Robert Harmon


 Thriller de suspense que se transfigura no mais puro horror é um dos mais assustadores filmes estadunidenses da década de 80


Às vezes, o terror mais tenebroso, aquele mais macabro e sinistro, é o mais simples, o que, aparentemente, não tem explicação. O desconhecido, sendo ele sobrenatural ou não, é capaz de causar calafrios dos mais genuínos, e quando se percebe isso, um realizador de talento pode fazer um filme de horror verdadeiramente assustador. É o que acontece com "A Morte pede Carona". 

De premissa, básica, fala sobre um estranho de nome John Ryder que parece ser mais uma força da natureza, um demônio onipresente, que surge para infernizar em vários sentidos a vida do jovem Jim Halsey, que está apenas de passagem numa autoestrada para levar um carro ao seu dono na Califórnia. Ao oferecer carona a Ryder, a cada passo que dá, ele vai sendo perseguido, atazanado e aterrorizado por esse homem que se mostra um psicopata. 




Um dos grandes atrativos do filme é que ele consegue ser um horror tanto psicológico, atmosférico, quanto visceral e mais gráfico. Algumas cenas são impactantes e chocante, mas, sem serem gratuitas, ao mesmo tempo em que há outros momentos em que somente um olhar furtivo de John Ryder já é suficiente para gelar a espinha. 

Muito disso se deve ao roteiro bem estruturado de Eric Red, que consegue dar uma sensação constante de gradação à história, surpreendendo a cada momento, e sem deixar a trama ficar monótona. Sabemos de antemão que o personagem Jim Halsey terá sérios problemas, mas, nunca sabemos até que ponto chegará aquela loucura ou mesmo o seu desfecho, o que deixa tudo mais intrigante e desesperador. A sensação é de que estamos na pele do pobre Jim, à mercê de um lunático que ele nem sabe quem e´. 

A direção de Robert Harmon é muitíssimo competente ao emular toda essa sensação de angústia, sabendo filmar tudo com o tempo e enquadramento corretos (a cena de Hohn Ryder surgindo por detrás de pum urso de pelúcia, por exemplo, é simples, mas, aterradora naquele contexto). Talvez o filme só exagere um pouco em alguns momentos, quando confere ao vilão sortes e conveniências demais, além de dar a ele habilidades sobre-humanas e certas situações. Fora isso, está tudo na medida. 




Por sinal, não tem como negar também que as cenas de ação são fenomenais para a época, como, por exemplo, a do posto de gasolina e da perseguição de helicóptero. A sequência final também é um primor, tensa e cheia de adrenalina, dando um desfecho digno ao ´longa. 

Claro que tudo isso não seria possível também sem a entrega dos dois protagonistas. C. Thomas Howell faz um Jim Halsey, de início, mais ingênuo e pueril, um jovem típico. À medida que o tempo passa, porém, suas feições mudam, e o personagem se transfigura em uma pessoa mais insana, mais perturbada, e isso se nota até no olhar do ator. 

E, coube ao excelente Rutger Hauer dar vida ao implacável John Ryder, numa interpretação que lembra bastante seu trabalho anos antes em "Blade Runner", e que demostra o quão espetacular ele era. Com poucas reações, seja no olhar, ou na forma de falar e andar, o ator fez um dos vilões mais aterrorizantes e interessantes dos anos 80, e que deve ter dado pesadelo em muita gente na época. Atuação impecável. 




"A Morte pede Carona" deveria figurar entre os melhores filmes de horror do cinema norte-americano. De maneira bastante eficaz, traz uma história pouco complexa, mas, instigante nas entrelinhas, e que desafia a percepção do espectador a cada cena. Um deleite para os fãs do bom cinema. 


Nota: 9/10

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