Dica de Filme ("Um Homem Sério")

 Dica de Filme


Título: Um Homem Sério
Ano de lançamento: 2009
Direção: 
Ethan e Joel Coen



O Mesmo um pouco mais retraído e menos criativos e engraçados do que o normal, os Coen ainda conseguem um resultado acima da média

Os irmãos Coen são ótimos em contar histórias mundanas, muitas vezes banais, só que com um toque bastante autoral, e reverberando em temas e reflexões bem interessantes. Mas, em alguns casos, o resultado é só mediano mesmo, como ocorre neste "O Homem Sério". Ainda assim, o filme consegue ser um típico Coen, e tem lá o seu charme dentro da filmografia da dupla. 

O que talvez seja notado aqui, e que afeta um pouco a experiência, é que tanto a história principal, quanto as tramas secundárias, não são necessariamente tão boas quanto ocorre em outras produções dos irmãos, e o seu desenrolar é um pouco previsível. 

Contudo, mesmo um pouco mais simples do que deveria, essas história, ainda assim, constituem um bom panorama a respeito dos problemas pessoais de um homem comum (sério, como diria o título), e que se vê em uma encruzilhada éticas e morais o tempo todo. 



O homem sério aqui é o professor universitário Larry Gopnik, cuja vida parece estar desmoronado de uma hora para outra: crise no casamento, problemas com o irmão e com os filhos, assédio no trabalho, e por aí vai. Manter a calma e a serenidade se torna cada vez mais complicado, e nem o refúgio na religião consegue trazer algum conforto (ele é judeu). 

Ao mesmo tempo, mesmo que de maneira menos brilhante e criativa que em seus filmes anteriores, os Coen destilam algumas pequenas provocações através de diálogos, aparentemente, descompromissados, mas, com um nível de acidez que faz questionarmos certas coisas. Com isso, o filme fica bem mais interessante, ainda mais porque acaba desenvolvendo aquele humor todo peculiar dos cineastas. 

A ironia mais facilmente identificada aqui recai na religião, já que o protagonista, diante dos inúmeros problemas que o acometem, procura o conselho de alguns rabinos. Mas, ninguém parece conseguir dar um conselho válido sequer. Isso acaba sendo a desculpa perfeita para diálogos bem afiados e mordazes, e até mesmo para uma reflexão mais aprofundada a respeito da responsabilidade de cada um perante sua própria vida. 




Claro, estamos aqui diante de uma comédia dos Coen, então, não há mais deboche e sarcasmo do que uma lição de moral propriamente dita. Isso garante que o filme não soe pedante. No entanto, se tem uma coisa que atrapalha um pouco a experiência aqui é a narrativa, algumas vezes, desconexas. Além disso, fica a impressão que depois de algum tempo, o roteiro não tem mais nada a dizer, e acaba se repetindo um pouco. 

Porém, mesmo com esses problemas, o filme tem outras tantas qualidades, como o seu intérprete. O ator Michael Stuhlbarg de fato encarna bem o papel de home  simples, que se vê em um turbilhão de problemas, e se sente completamente perdido. Outro destaque do elenco é Fred Melamed, que faz o novo pretendente da esposa do protagonista, causando cenas hilariamente desconfortáveis toda vez que surge em cena. 




No mais, temos aqui um filme um pouco menor do que os Coen são capazes de fazer, mas, que ainda assim, tem algumas coisas interessantes a mostrar. Afinal, quem nunca se viu fazendo tudo certo na vida (ou achando que estava fazendo tudo certo), e de repente se sente perdido em meio a situações constantes e até absurdas? 

Talvez esteja aí a graça e o charme do filme. Ou seja, ele dialoga com algo simples do cotidiano das pessoas: a inevitabilidade dos problemas e nossa maneira desajeitada de lidar com muitos deles. 


Nota: 7,5/10



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