dica de série ("stranger things - 2ª temporada")
Dica de Série
Stranger Things" - 2ª Temporada
2017
Direção: Vários
Eis que depois do hype criado na primeira temporada, "Stranger Things" volta, prometendo ampliar ainda mais o seu universo, mas, sem se esquecer das características que fizeram o sucesso da série, como um bem-vindo ar de nostalgia, repleto de homenagens a filmes, músicas e games de décadas passadas, mas, tentando ter a sua "própria cara". E, é com satisfação que afirmo que os realizadores dela conseguiram. Mais dinâmica e elaborada que a temporada anterior, esta aqui introduz novos personagens, sem se esquecer daqueles que se tornaram clássicos. O que poderia dar errado (excesso de personagens), acaba dando certo, muito devido aos roteiristas, que, mais do que nunca, souberam trabalhar bem o desenvolvimento dos personagens, sem deixar que a narrativa fique travada ou monótona. Uma temporada que ficou perfeita para se fazer uma "maratona", devido ao dinamismo da estória e ao carisma inegável dos protagonistas. Enfim, "Stranger Things" conseguiu se firmar agora como uma das melhores séries da atualidade (merecidamente).
Capítulo Um: "Mad Max"
Direção: The Duffer Brothers
Logo no primeiro episódio dessa temporada, muitos acertos. Com os personagens já devidamente estabelecidos no universo da série, o que temos aqui é uma continuidade natural dos acontecimentos de um ano atrás. O ritmo é dinâmico, com a narrativa seguindo sem tropeços, e dando pistas valiosas do que está por vir na estória. Como era de se esperar em "Stranger Things", inúmeras referências pipocam aqui e acolá, que vão desde a introdução do episódio (bastante calcada no início de "Batman: O Cavaleiro das Trevas"), até o letreiro do cinema indicando a exibição de "O Exterminador do Futuro". A trilha sonora é outro destaque, com menções a Talking Heads e Scorpions. Porém, nenhuma dessas referências soa forçada; todas estão organicamente integradas à trama. Esta, por sinal, já deixa o espectador intrigado, principalmente, quando somos levados novamente ao sombrio Mundo Invertido. Ótimo início de temporada. Nota: 8,5/10
Capítulo Dois: "Doces ou Travessuras, Aberração?"
Direção: The Duffer Brothers
Logo no começo deste segundo episódio, somos apresentados ao que aconteceu a uma determinada personagem no final da temporada passada. O que poderia gerar momentos desnecessariamente expositivos, acabam servindo para dar mais dramaticidade à trama, desenvolvendo ainda mais as personalidades de Eleven e de Hooper. Ao mesmo tempo, novos personagens, como a Max, vão se integrando cada vez mais na estória, sempre de maneira natural e espontânea. Interessante notar que a trama não fica isolada em cada capítulo. Isso possibilita ver como eventos passados influenciam a vida dos protagonistas, e nisso, o núcleo formado por Nancy, Steve e Jonathan é muito bem resolvido. Além disso, o quarteto principal de crianças continua afiado, proporcionando momentos engraçados , e com mais referências ainda à cultura nerd (a homenagem aqui aos Caça-Fantasmas é impagável). Um episódio que mantém o alto nível do anterior. Nota: 8,5/10
Capítulo Três: "O Girino"
Direção: Shawn Levy
Neste terceiro capítulo, temos a nítida concepção de como "deixar uma narrativa fluir". Claro que isso tem o seu preço, já que acabam surgindo uma ou duas conveniências de roteiro que podem soar um tanto clichês. Mesmo assim, nada que comprometa seriamente o resultado. O ritmo ágil da direção empolga, e ainda dá espaço para alguns personagens se mostrarem cada vez mais importantes para a estória, como o Hooper, por exemplo. Em paralelo, é interessante ver como Bob, atual namorado da mãe de Will, também vai ganhando, aos poucos, importância na trama, mesmo que indiretamente. Talvez, o único grande defeito desse capítulo sejam os seus efeitos visuais. Tudo bem que estamos falando de uma modesta série para TV (nada comparada a um "Game of Thrones" da vida), mas, já que "Stranger Things" ganhou tanto status nos últimos tempos, um pouco mais de cuidado em certos aspectos seria de bom grado. Apesar disso, trata-se de um episódio certeiro e coeso, e que fez a narrativa dar vários passos adiante. Nota: 8/10
Direção: Shawn Levy
Seguramente, um dos episódios mais mornos dessa temporada. Não porque seja necessariamente ruim, mas, porque, pela primeira vez, depois de três capítulos, a estória parece "não andar", além do roteiro conter alguns furos e conveniências bem claras (a forma como Hooper e Joyce interpretam as visões de Will, ou como os cientistas daquele laboratório lidam com Nancy e Jonathan). Em todo caso, é um bom capítulo, tenebroso quando mostra Will se afundando cada vez mais no Mundo Invertido, e tenso quando mostra a relação conturbada entre Hooper e Eleven. Outro dado positivo é que a estória continua não se focando demais nas referência, deixando "Stranger Things" ter vida própria dentro da sua proposta. Nota: 7/10
Capítulo Cinco: "Dig Dug"
Direção: Andrew Stanton
Seguindo os passos do episódio anterior, este aqui meio que estagna a trama, focando mais na relação da Eleven com a sua mãe, e na busca por Hooper. E, o problema, mais uma vez, são os insuportáveis furos de roteiro, que deixam boa parte da narrativa "conveniente" demais. O núcleo envolvendo Joyce e Jonathan também não funciona muito. Os minutos finais, ao menos, dão uma ótima perspectiva para o próximo capítulo. Já, "Dig Dug" é um episódio que poderia ter sido melhor cuidado, principalmente no que se refere à fluidez narrativa. Não é de todo mal, mas, comparado aos anteriores, este se configura como o pior capítulo da temporada. Nota: 6/10
Capítulo Seis: "O Espião"
Direção: Andrew Stanton
Bela recuperada de ritmo da temporada com este episódio, que se mostra, inclusive, como um dos melhores da série. Num clima que ora lembra "Aliens: O Resgate", ora "Enigma do Outro Mundo", o formato desse capítulo é de pura aventura embalada em terror. Só que isso não impede, por exemplo, que hajam momentos mais leves, como as interações entre Joyce e Jonathan (que, finalmente, encontram uma "química" entre eles), e entre Dustin e Steve. O claustrofóbico e aterrorizante final fecha com chave de ouro um episódio que primou pela tensão, e ainda deixa um empolgante gancho para o capítulo seguinte. Nota: 9/10
Capítulo Sete: "A Irmã Perdida"
Direção: Rebecca Thomas
E, aqui, temos um episódio que dividiu opiniões. Chega até a ser compreensível, já que o recorte de uma estória pessoal da Eleven soa, a princípio, como uma "quebra de clima" em relação à energia e à empolgação do capítulo anterior. Mas, num olhar mais atento, conseguimos ver uma trama que se faz necessária, não só para justificar a sequência inicial do primeiro capítulo, como, de maneira mais profunda, desenvolver melhor a personalidade de Eleven quanto a questões morais. A direção é segura, os novos personagens possuem "vida própria" dentro do enredo, e este é um dos episódios mais curtos dessa temporada. Portanto, mesmo que vejamos uma espécie de "estória paralela" em relação à principal, esse momento, dentro da trama geral, funciona muito bem. Nota: 8,5/10
Capítulo Oito: "O Devorador de Mentes"
Direção: The Duffer Brothers
Se o episódio anterior havia deixado um sentimento de frustração em alguns fãs da série devido ao "corte na ação", agora, não tece desculpa: é ação e aventura, praticamente, do início ao fim. Há, apenas, um pequeno recorte em relação a um determinado personagem para expôr uma séria questão de violência doméstica, mas, que não soa deslocado do contexto geral. Em relação à trama principal desse capítulo, mais uma vez, vemos homenagens muito bem vindas às franquias de Alien e Predador, chegando até a ter um resquício de "Invocação do Mal" lá pelo final do episódio. O ponto negativo talvez seja o excesso de explicações sobre o perigo que ronda os personagens, o que, de certa forma, acaba um pouco com o mistério, com o medo do "desconhecido". Ainda assim, o ritmo frenético da narrativa, parando para momentos dramáticos na hora certa, prender a atenção com um nível de envolvimento absurdo (praticamente, nos importamos com todos os personagens ali, sem exceção, o que proporciona um dos momentos mais tristes da série até então). Uma baita capítulo, que abre espaço para o grande final dessa temporada. Nota: 9/10
Capítulo Nove: "O Portal"
Direção: The Duffer Brothers
E, nessa segunda temporada tudo se encerra com um emocionante clímax, e uma tensão bem dosada. Claro que há alguns clichês aqui e acolá para deixar a estória mais redonda. Porém, mesmo tendo alguns momentos um tanto óbvios, é muito satisfatório acompanhar um momentâneo desfecho para essa trupe. A parte final do episódio é leve, descompromissada, engraçada como a série se convencionou a ser. Com certeza, a ansiedade, agora, por uma terceira temporada ficou grande. Nota: 8,5/10
Não à toa, esta é uma das séries mais prolíferas da atualidade. Com roteiros simples, que, mesmo possuindo inúmeras referências à cultura nerd, ainda assim, possui uma identidade, atores bastante talentosos, e direção empolgante, que remete diretamente aos melhores filmes das décadas de 70 e 80, "Stranger Things" consegue a façanha de amadurecer as suas ideias de uma temporada para a outra, e firmar, de vez, os seus personagens na cultura pop atual. Obviamente, há convencionalismos e situações clichês aos montes, porém, tudo feito com tanta garra, com tanta vontade, e com tanto carisma, que até isso pode ser colocado como um ponto a favor. Com uma mescla irresistível de ação, aventura, terror e ficção científica, e tendo personagens muito bem desenvolvidos, "Stranger Things" deixou de ser uma mera surpresa na sua primeira temporada, para se tornar algo mais sólido em sua segunda.
Que o futuro seja promissor pra essa turma!
Que o futuro seja promissor pra essa turma!
NOTA GERAL: 8,5/10
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