DICA DE FILME ("RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO")
Dica de Filme
Título: Raya e o Último Dragão
Ano de lançamento: 2021
Direção: Carlos López Estrada e Don Hall
Nova animação da Disney não surpreende no enredo, mas, tem carisma e bons personagens
A essa altura do campeonato, é pouco provável que vejamos alguma nova animação da Disney que não se pareça muito com o que já veio antes. A ousadia do estúdio reside mais nas produções (quase) sempre interessantes da Pixar, enquanto sobra para a matriz mesmo produzir longas muito bem feitos tecnicamente, com aquele tom aventuresco que empolga, e com personagens fofinhos.
Ou seja, mais do mesmo.
Ainda assim, são animações que conseguem construir um bom laço afetivo com o espectador, muito por conta do esmero em construir um universo cativante, com uma boa lição de moral muito bem definida e personagens com um nível de virtuosismo que faz até os mais céticos terem um pingo de esperança.
Assim é "Raya e o Último Dragão", que mesmo requentando alguns conceitos vistos em animações anteriores (da Disney e de outros estúdios), mostra certo passo além, especialmente na quebra de alguns paradigmas, como a falta de um par romântico para a protagonista e a ausência de personagens cantando canções, muitas vezes, expositivas.
E é a aura da possibilidade de uma ousadia maior para os os futuros desenhos da Disney que faz esta animação ser divertida, emocionante e interessante nas doses certas.
Contando uma história básica de caça ao tesouro, o roteiro se utiliza dessa premissa simples (mas, que sempre tem potencial de dar certo) para falar sobre valores humanos como confiança, fé e harmonia entre os povos. Num momento onde o mundo vive isolado por conta de uma pandemia global, a trama, de alguma forma, conversa bastante com o espectador.
Some-se a isso personagens realmente profundos e com uma carga dramática que não soa forçado (além de Raya, temos sua antagonista - não vilão - Namaari e a simpática "dragoa" Sisu).
Claro que há alguns coadjuvantes engraçadinhos aqui (especialmente, o bebê), mas, mesmo que pareçam estar sobrando na trama, são essenciais, pois conversam muito com o que o filme quer dizer: a profunda solidão que ficamos quando nos recusamos a entender o outro.
Mesmo que soe um tanto clichê, essa lição pontuada ao longo do filme é muito crível, e conseguimos entender o drama e as motivações daqueles personagens. Chega a lembrar um pouco a obra de Myiazaki, onde não temos necessariamente vilões específicos, sendo os reais vilões nossas atitudes egoístas, imaturas e pouco ou nada altruístas.
Em termos narrativos, a animação só peca um pouco por parecer um pouco episódica demais, com os personagens indo a um lugar, enfrentando um desafio, vencendo, e indo para outra região. Nao chega a cansar, mas, peca um pouco pela obviedade das situações. Nesse sentido, "Moana", trabalho anterior dos mesmos diretores, saiu-se melhor.
Em termos técnicos, não há nem o que dizer muito, já que a Disney e a Pixar atingiram um patamar bastante elevado há muito tempo, e o que se espera dos estúdios é sempre algo deslumbrante. E, isso é entregue aqui (com louvor).
Também é muito bom que o clima épico, e por vezes desolador, lembre de relance produções como "Mad Max" e "O Senhor dos Aneis". Além, claro, da trilha sonora, que combina bem com ada situação.
"Raya e o Último Dragão" podem, no final das contas, oferecer uma experiência que já vimos antes, mas, o carisma da história e dos personagens, bem como o tema levantado, fazem valer o investimento. Seja se você quiser uma boa aventura, ou mesmo refletir um pouco a respeito das lições aqui presentes.
Nesse período de desentendimentos e desilusão no mundo, é uma ótima e reconfortante pedida.
Nota: 8/10
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