Dica de Filme
Holy Motors
2012
Direção: Leos Carax
NOTA: 10/10
Holy Motors
2012
Direção: Leos Carax
Relutei bastante em escrever sobre esse filme. Não porque não tenha gostado (pelo contrário), mas porque não queria ser leviano em falar o que não devia sobre um filme que me arrebatou como poucos, e que está na minha lista de filmes inquietantes ao lado de "Laranja Mecânica" e "Beleza Americana" (guardadas as devidas proporções).
"Holy Motors" é, só pra iniciar, no mínimo, perturbado. À primeira vista, parace um conjunto de cenas sem nexo, mas que fazem todo o sentido se você "entender" a proposta do diretor Leos Carax. Tentando simplificar: o filme mostra um dia na vida de Oscar, que trabalha numa limousine fazendo serviços que recebe em envelopes (incluindo matar). Em cada serviço, ele usa uma maquiagem diferente, interpretando diversos personagens. Bem, essa premissa seria desperdiçada por diretores medíocres, que talvez quisessem ser pedantes e pretensamente filosóficos (caindo no ridículo). Vide "Cosmopolis", por exemplo.
Pelas mãos de Carax, felizmente, "Holy Motors" é exercício inquietante e contestador das ações de nossa sociedade. Por exemplo, podemos dizer que a motorista da limousine, e o próprio veículo são metáforas bem sucedidas que representam a vida, e dentro, entamos nós (ou Oscar), interpretando papéis diferentes a cada circunstância do cotidiano. É só ver a sequência de uma conversa entre o personagem principal e sua "sobrinha" para comprovar.
As cenas isoladas são magníficas, de um lirismo poucas vezes vistas por mim num filme. Inclusive, há momentos em que não sabemos o que é realidade e o que é ficção, tamanho o jogo de imagens oníricas criadas por Carax. Prova de que ele aprendeu certas coisas muito bem com o sr. David Lynch. Existe uma cena, em especial, que mostra um dos "personagens" de Oscar completamente louco, devorando (literalmente) as flores nos túmulos de um cemitério. Em outra, ensandecido, desce da limousine procurando alguém, e atira num banqueiro sem motivo aparente!
Ou seja, o diretor simplesmente não quis ser previsível, e, com isso, criou uma bela e inquietante obra nesses tempos de mediocridade cinematográfica. Violente, cínico, crítico, romântico e explosivo. Não necessariamente nessa ordem. Uma pequena obra-prima do cinema atual, enfim.
NOTA: 10/10
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