Dica de Filme

O Grande Hotel Budapeste
2014
Direção: Wes Anderson


O apuro visual com que Wes Anderson trata seus filmes realmente impressiona. Mas, não se trata de efeitos visuais apenas para "preencherem vazios". Não estamos falando de um Michael Bay da vida. Aqui, a estética tem uma função, que não é meramente enfeite; ela ajuda na condução da estória, ao mesmo tempo que deixa o espectador vislumbrado na tela.

"O Grande Hotel Budapeste" é, sem dúvida, um filme bonito. E, engraçado. Sim, pois esta é uma comédia, e das melhores. O bom é que Anderson não apela para fazer rir. O humor gira em torno ora do mais puro nonsense, ora de algo mais bobo, inocente, até. Uma mistura dos melhores momentos do Monty Python com Woody Allen, por assim dizer.



O enredo, mesmo não sendo genial (e nem precisa), é bem construído, amarrado, e o diretor mostra bom ritmo na sua condução, prendendo a atenção do começo até o fim. Fala basicamente de diferentes gerações que passaram pelo comando do Hotel Budapeste, com ênfase especial para o seu mais famoso conciérge: Gustave G (interpretado por Ralph Fiennes).

E, nesse momento, conhecemos um pouco mais da sua vida, como ele passou para o seu ajudante Zero os cuidados do Hotel, além do envolvimento com a herança de uma senhora que ele se relacionava. As situações seguem muito bem boladas e divertidas, sem nada de novo, exatamente, porém, com tanto carisma, que deixa o filme com uma cara única.


O elenco é enorme. Vai desde o já citado Ralph Fiennes até Adrien Brody, passando por Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray e Edward Norton. E, alguns deles, mesmo tendo pouco tempo em cena , mostram-se bem à vontade. De fato, Anderson é um diretor que deve estar com boa moral pra reunir tantos nomes talentosos assim.

A parte visual, claro, é o grande destaque. Com texturas e cores vivas, que mais parecem pinturas, as cenas "saltam" da tela, e, às vezes, fica até difícil acompanhar o desenrolar da estória diante de tantos detalhes. Como se fosse pouco, o roteiro ainda dá umas alfinetadas em questões como a solidão, a guerra e a amizade. Tudo bem leve, mas nada superficial.


Este é mais um belo filme com a marca autoral de Wes Anderson, que, sem muito alarde, vai fazendo filmes interessantes, sem se render a modismos ou imposições dos estúdios. Chega, inclusive, a parecer um Tim Burton em sua época áurea. Que o futuro, então, reserve sempre muita liberdade para Anderson trabalhar suas fábulas inusitadas, descompromissadas, mas sempre com alguma relevância.


Nota: 8/10

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