Especial


10 Grandes "Suicídios Comerciais" da Música

Quando se forma um público fiel e se lança discos elogiados por todos, o mais seguro é sempre os artistas entregarem aquilo que se quer, sem riscos. Alguns, no entanto, quebram a tradição do "mais do mesmo", e resolver correr contra a maré. A estranheza e a crítica severa serão inevitáveis, mas, o resultado, muitas vezes, é recompensador.


10º
Álbum: "Pinkerton" (1996)
Banda: Weezer
O que público e crítica queriam? Uma nova "Buddy Holly".
O que tiveram? Um disco melancólico, repleto de assunto que aludiam à desilusões, o que contrastava (e muito) com o trabalho de estreia da banda. Na época do lançamento, quase todos foram implacáveis em taxar "Pinkerton" de lixo. Os leitores da Rolling Stone o elegeram o terceiro pior lançamento de 1996. O tempo, porém, colocou o álbum no seu devido lugar: uma obra singular e pesada de um grupo quase sempre alegre e festivo, como o Weezer.



Álbum: "Disintegration" (1989)
Artista: The Cure
O que público e crítica queriam? Uma nova "In Between Days".
O que tiveram? Um disco que voltava às estéticas góticas do The Cure, recheado de canções longas e sombrias. Mesmo considerado "suicídio comercial" pela própria gravadora da banda, o trabalho conseguiu grande êxito comercial, chegando a gerar influências fora da música: o diretor Tim Burton se inspirou na figura do vocalista Robert Smith para a concepção do personagem Edward Mãos de Tesoura, num dos filmes mais fascinantes do cineasta. Entre temores e dúvidas, todos se salvaram.



Álbum: "Nebraska" (1982)
Banda: Bruce Springsteen
O que público e crítica queriam? Uma nova "Born to Run".
O que tiveram? Uma impressionante aula de lirismo e sensibilidade, mostrando que o cantor das multidões, das arenas, também sabia sussurrar, declamar. Se os discos anteriores davam alguma esperança aos desajustados, aqui, a tristeza de um futuro incerto impera. Tanto é que a faixa-título trata de um homem condenado à cadeira elétrica! Tal intensidade não foi muito compreendida naquele momento, mas, anos depois, "Nebraska" figura entre os melhores álbuns norte-americanos da década de 80.


7º 
Álbum: "Sandinista!" (1980)
Banda: The Clash
O que público e crítica queriam? Uma nova "London Calling".
O que tiveram? Um álbum triplo vendido a preço simples! Isso mesmo! A exemplo de "London Calling", que foi lançado como LP duplo, mas a banda exigiu que se vendesse o disco ao valor de um único lançamento, aqui, eles gravaram canções suficientes para preencherem 3 LP's, e brigaram bastante com os executivos da gravadora para que cumprissem sua exigência quanto ao valor cobrado pelo disco. Em termos musicais, "Sandinista!" é o mais eclético trabalho do grupo, onde encontramos desde reggae até rap! Grande The Clash!



Álbum: "Load" (1996)
Banda: Metallica
O que público e crítica queriam? Uma volta às origens, um novo "Black Album", enfim, qualquer coisa, menos isso...
O que tiveram? Um disco que já causou "polêmica" por apresentar os integrantes no encarte de cabelos cortados, e vestidos de maneira "comportada", em nada lembrado os metaleiros de outrora. Na época, a implicância era mais com a imagem do que com o som propriamente dito. E, este? Um vigoroso hard rock, com lindas linhas melódicas, e músicas realmente poderosas. Dados os lançamentos posteriores do grupo, "Load" foi forçado a ser considerado clássico com o tempo.



Álbum: "Automatic for the People" (1992)
Banda: R.E.M.
O que público e crítica queriam? Uma nova "Losing My Religion".
O que tiveram? Melancolia, muita melancolia. Mas, muita beleza também. Muito ajudou a produção de John Paul Jones (baixista do Led Zeppelin), também responsável pelo arranjo de cordas de muito bom gosto que seu ouve ao longo do disco. Diz a lenda que Kurt Cobain ouviu bastante este álbum pouco tempo antes de tirar a própria vida. Coincidentemente, o grande hit "Everybody Hurts" foi composta por Michael Stipe (líder do R.E.M.) como uma mensagem de esperança diante da recente onda de suicídios entre jovens.



 
Álbum: "Psicoacústica " (1988)
Banda: IRA!
O que público e crítica queriam? Uma nova "Envelheço na Cidade".
O que tiveram? Um disco que praticamente mudou o rock brasileiro nos anos 80 (até mais do que "Cabeça Dinossauro"), e que ainda serviu de influência para outros estilos e movimentos. A mistura de rock com rap em "Advogado do Diabo", por exemplo, foi uma das inspirações para o movimento manguebeat. "Psicoacústica" não trazia nenhum hit, e até pra lançar uma música de trabalho foi difícil. A crítica elogiou, mas, o público não reagiu bem à complexidade de temas e composições presentes no álbum. Depois disso, o IRA! entraria num ostracismo que só viria a ser recuperar no final dos anos 90.



Álbum: "Bloco do Eu Sozinho" (2001)
Banda: Los Hermanos
O que público e crítica queriam? Uma nova "Anna Júlia".
O que tiveram? Um dos últimos lampejos de ousadia na música brasileira. Depois do primeiro (elogiado) disco, a pressão para fazerem novos hits era imensa, e, para esfriar os ânimos, refugiaram-se na região serrana do Rio, onde compuseram o embrião do "Bloco do Eu Sozinho" de maneira despretensiosa. O primeiro esboço foi categoricamente rejeitado pela gravadora, que exigiu que fosse remasterizado. Para azar dela (e sorte nossa) o produtor Marcelo Susseking fez uma mixagem quase tão igual quanto as gravações originais. Resultado: os Los Hermanos saíram da Abril Music, e o disco virou um clássico moderno.



Álbum: "Angel Dust" (1992)
Banda: Faith no More
O que público e crítica queriam? Uma nova "Epic".
O que tiveram? Um disco pesado, esquizofrênico, insano, perturbador, criativo, anti-comercial... Enfim, todo que o álbum anterior "The Real Thing", não era. Chocou público e crítica que queriam algo mais "alegre" e "vibrante". As letras, o som diferente, as muitas interpretações de Mike Patton... Tudo convergiu contra. A banda foi longe demais, e com isso, fizeram um dos lançamentos mais marcantes e influentes dos últimos anos. O fato de ainda hoje ele ser um pouco incompreendido já demonstra bem sua inegável qualidade.



Álbum: "In Utero" (1993)
Banda: Nirvana
O que público e crítica queriam? Uma nova "Smells Like Teen Spirit".
O que tiveram? Uma genuína explosão de rock'n roll e a prova de que o Nirvana era, sim, uma banda punk. Nada em "In Utero" era pop, radiofônico. Tudo era, literalmente, visceral, cantado por um desesperado Kurt Cobain com um mundo da fama imersa em hipocrisia e futilidade. Mesmo com o sucesso do disco, público e crítica ficaram abismados. Não ousaram inferiorizar "In Utero", apesar da clara estranheza em uma banda que chegou até a ameaçar o reinado de Michael Jackson lançar algo tão sujo, cru e brilhante. Infelizmente, tempos depois, soubemos que que a inquietação de Cobain para conceber um disco assim era mais do que autêntica.Valeu, Kurt!









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