dica de disco ("Psychotic Symphony" - sons of apollo)

Dica de Disco

"Psychotic Symphony"
2017
Artista: Sons of Apollo


SUPERGRUPO FORMADO POR FERAS COMO JEFF SCOTT SOTO E MIKE PORTNOY FAZ DE SEU DEBUT UMA AULA DE HEAVY METAL

Para alguns, ficou cansativo esse negócio de supergrupos formados por músicos famosos de outras bandas. De fato, de, por um lado, boa parte do material lançado através desses projetos só consegue ficar numa média aceitável, é inegável que, vez ou outra, surgem supergrupos que fazem por merecer a fama individual de seus integrantes, compondo um som bastante poderoso. 

E, é isso o que vamos encontrar em cada acorde de "Psychotic Symphony", álbum de estreia do Sons of Apollo, formado pelo baterista Mike Portnoy (ex-Dream Theather e Adrenaline Mob e atual The Winery Dogs), pelo baixista Billy Sheehan (ex-David Lee Roth e Mr. Big e atual The Winery Dogs), pelo tecladista Derek Sherinian (ex-Dream Theather e atual Black Country Communion), pelo guitarrista Ron "Bumblefoot" Thal (que participou da gravação do conturbado "Chinese Democracy", do Guns N' Roses, além de ter uma produtiva carreira-solo) e pelo vocalista Jeffv Scott Soto (ex-Yngwie J. Malmsteen, e também com uma carreiras-solo impecável).


Como deu pra notar, a cozinha sonora do Sons of Apollo é toda formada por ex-integrantes do Dream Theather. O que dá pra perceber? Que iremos encontrar aqui uma base muito forte de metal progressivo, não necessariamente idêntica a do grupo de John Petrucci e cia, até mesmo porque o Sons of Apollo apostou num prog metal mais melódico e (bem) mais pesado que o do Dream Theather. 

Muito ajuda na potência sonora que se ouve em "Psychotic Symphony" a presença vocal do grande Scott Soto (em ótima forma), e os dedilhados certeiros Ron "Bumblefoot" Thal. O resultado dessa junção são nove canções empolgantes e muito bem trabalhadas, onde cada um dos integrantes têm chance para se destacarem.

A faixa que abre o trabalho, "God of the Sun", demonstra bem o intento supergrupo: trata-se de um poderoso heavy metal de mais de onze minutos, que não se torna cansativo em momento algum. Com uma introdução maravilhosa, que mescla ritmos um tanto quanto foclóricos, com psicodelia e muita distorção, a composição não demora a explodir em peso, fúria e melodia, numa música verdadeiramente catártica. Excelente começo. 

Sem perder nem um pouco o pique, vem a segunda faixa, "Coming Home", também carregada de muito peso, melodia e carisma. Séria candidata a hit do álbum, principalmente, devido ao seu ótimo refrão. "Signs of the Time", já a terceira música do disco, não "ameniza" de jeito nenhum, chegando a ser mais pesada do que as duas anteriores, e, assim como "Coming Home", possui um belo de um refrão.


A instigante "Labyrinth" introduz acordes clássicos, para, mais uma vez, ser uma aula de melodia e peso, onde os destaques são muitos: desde a emotividade latente de Scott Soto, até as intervenções certeiras de Derek Sherinian (em excelentes sonoridades à lá Jon Lord), passando pela bateria forte e ritmada de Mike Portnoy. Uma composição que não é mero exibicionismo, e tudo se encaixa. Pancada sonora! 

Depois de quatro preciosidades seguidas, seria justo que a banda esfriasse um poucos os ânimos. E, é o que acontece um pouco com "Alive", que não chega a ser ruim, mas, que, por sua estrutura um tanto pop demais (chega a lembrar um pouco Nickelback, vejam só), acaba ficando inferior às composições anteriores do disco. Mesmo assim, a canção possui ótimas linhas de guitarra a cargo de Ron "Bumblefoot" Thal, que deixa tudo pesado na medida certa. 


O nível de excelência volta a subir com a espetacular "Lost in Oblivion", que linhas quebradas de bateria e guitarra, que remetem aos melhores momentos do Adrenaline Mob (banda da qual Portnoy tocou anteriormente). Um dos destaques de "Psychotic Symphony", sem dúvida. Em seguida, temos a rápida "Figaro's Whore", uma instrumental, e que mostra porque Derek Sherinian é um dos mais habilidosos tecladistas do metal atual, numa técnica que presta muita reverência a Jon Lord, do Deep Purple. 

Tanto é que a introdução da próxima faixa, "Divine Addiction", contém essa mesma sonoridade de teclado. Por sinal, esta é mais uma ótima canção do álbum, e, mais uma vez, com doses consideráveis de peso, melodia e (novamente) um refrão fortíssimo. Pra finalizar um tyrabalho, praticamente, impecável, uma instrumental de mais de dez minutos de duração, que remete a todos os grandes deuses do rock pesado, do Black Sabbath ao Rush, entre tantas outras influências fundamentais, tendo como grande alicerce, claro, o bom e velho prog. Desfecho lindamente épico.

Assim, "Psychotic Symphony" se configura como um dos melhores lançamentos de rock do ano, pra não dizer "o melhor". Indo além de ser apenas um projeto reunindo instrumentistas talentosos, o Sons of Apollo, pelo menos, em seu álbum de estreia, conseguiu uma harmonia perfeita entre todos os integrantes, conseguindo até gabarito para a banda "vingar", e realizar trabalhos futuros tão poderosos quanto este. Um supergrupo, enfim, na acepção mais concreta do termo.


NOTA: 8,5/10


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