DICA DE DISCO ("Titans of Creation" - Testament)

Dica de Disco

Titans of Creation
2020
Artista: Testament


O Testament volta mais insano do que nunca em seu novo disco

Analisar novos discos de bandas veteranas, em tese, é a coisa mais simples do mundo. Afinal, geralmente, temos apenas duas opções a seguir: basear-se nos louros do passado e fazer uma comparação entre os antigos e os mais recentes trabalho de um grupo, ou então, pensar que o artista  já mostrou tudo o que poderia em sua carreira, e analisar um novo disco dele de maneira um tanto "preguiçosa". Mas, há também uma terceira via: tentar encontrar a relevância de um trabalho recém-lançado à luz de uma conjuntura maior.

Nesse sentido, podemos nos perguntar: depois de tantos excelentes discos de thrash metal, o que o Testament ainda tem a mostrar é bom e revigorante para um dos estilos mais consagrados do rock pesado? Curto e grosso: sim, é. Titans of Creation não somente presta um baita tributo aos sons que a banda fez no passado, como também não se descuida em soar empolgante o suficiente, como se eles estivessem em início de carreira (fundada, diga-se, no distante ano de 1983).



Pra início de conversa, todos os integrantes do Testament parecem "jovens músicos querendo mostrar serviços", e desempenham seus respectivos papeis com uma garra fora do normal. Começando pelo ótimo vocalista Chuck Billy, que sim (perdão o clichê), mas, não parece a idade que tem (57 anos). Suas vocalizações guturais nunca soam cansativas, e possuem ritmo e cadência, não sendo apenas "gritadas". Parece até que o tempo fez muito bem a ele.

Não tem como deixar de citar também o belíssimo trabalho dos guitarristas Eric Peterson e Alex Skolnic, que encontram os riffs e solos certos pra encaixarem em cada canção. Já o baixista  Steve DiGiorgio consegue preencher os espaços das músicas de maneira competente, bem como o baterista Gene Hoglan desempenha muito bem esse papel.



Inclusive, não temos em Titans of Creation um minuto sequer de descanso. De canções mais arrastadas (no bom sentido) até aquelas mais aceleradas, todas as 12 faixas deste disco possuem uma energia absurda, parecendo mais um álbum ao vivo, gravado num desses mega eventos que o Testament frequentemente é escalado. Há muitos destaques nesse trabalho, entre eles, a extremamente veloz WW III, a soturna Night of the Witch, a cadenciada (com alguns toques à lá Black Sabbath) City of Angels, e Ishtars Gate, com sua excelente introdução de baixo.

Na verdade, nenhuma canção do disco é abaixo da média, até mesmo aquelas mais "normais", como a potente música de abertura Children of the Next Level ou mesmo a típica thrash metal False Prophet. Talvez a única que não faça jus ao altíssimo nível do disco seja The Healers, que se mostra muito linear em sua condução, apesar de ser muito boa, mesmo assim. O disco fecha otimamente bem, com as oitentistas Code of Hammurabi e Curse of Osiris, e a interessante e curta Catacombs, que, literalmente, encerra tudo de maneira época.



Sobre a questão do Testamente ser uma banda veterana, e ainda estar fazendo ótimos discos, isso só mostra o quanto talento não se perde com o passar dos anos. Ok, não há aqui, necessariamente, nenhuma inovação no som que o grupo sempre fez, porém, é incrível como, mesmo depois de tanto tempo na estrada, eles consigam fazer o mesmo tipo de música, só que de maneira potencializada, com uma produção bem melhor que a dos anos 80, e, ainda assim, ter certo frescor.

Pra quem deseja escutar um ótimo disco de rock pesado em 2020, com basicamente tudo o que o estilo merece, Titans of Creation é a pedida certa.

Ficha técnica:
Álbum: Titans of Creation
Lançamento oficial: 3 de abril de 2020
Gênero: Thrash metal
Número de faixas: 12
Membros: Chuck Billy (vocais), Eric Peterson e Alex Skolnick (guitarras), Steve Di Giorgio (baixo) e Gene Hoglan (bateria)
Gravadora: Nuclear Blast


NOTA: 8,5/10



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