Lista fim de ano ("melhores filme de 2019")

Os 11 Melhores Filmes de 2019


2019 foi um ano interessante para o cinema. Tivemos praticamente de tudo: blockbusters se super-heróis quebrando recordes, filmes brasileiros mostrando imensa qualidade artística, a Netflix reinando em produções formidáveis, Martin Scorsese falando algumas verdades sobre a indústria do cinemão hollywoodiano, filmes de vilões de quadrinhos causando polêmica, e por aí vai. 

De fato, foi um belo ano para a sétima arte, com ótimos filmes que tiveram (muito) a dizer, mostrando que o cinema pode ser um belo questionador da realidade, apontando algumas feridas que teimam em ficar abertas. 

Esperar que tenhamos outros anos como 2019 na tela grande para vislumbramos grandes obras. Enquanto isso, acompanhem os melhores do ano que passou. 

Rocketman
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Um ano depois do insosso Bohemian Rhapsody, o diretor Dexter Fletcher (que substituiu Bryan Singer na cinebiografia do Queen) trouxe um um baite filme: Rocketman. Ao contrário da produção que falava sobre a carreira de Freedie Mercury e cia de uma forma agridoce e endeusada demais, aqui temos um Elton John mais humano, repleto de defeitos, e, por isso mesmo, um personagem bem mais interessante. Ajudou muito várias partes do filme serem musicadas, traçando paralelos entre a letra das canções e a vida do cinebiografado, e a ótima atuação de Taron Egerton. Antes Dexter Fletcher tivesse tido carta branca pra fazer o que quisesse com Bohemian Rhapsody. O resultado, como se comprova em Rocketman teria ficado infinitamente superior.

A Febre
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Produções nacionais com enfoque nos povos indígenas geralmente se resumem a documentários que mais parecem ter uma preocupação antropológica academicista, raramente focando em personagens específicos, com dilemas como tantos outros. A Febre foge bem desse padrão, mostrado uma história instigante, com atuações muito boas, e uma direção segura. Às vezes, carece um pouco de ritmo narrativo, porém, a trama continua envolvente, e sempre com um tom mais minimalista. Uma grande surpresa do cinema brazuca. 

História de um Casamento
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Tramas que flertam com questões mundanas, mas que têm um pé muito forte na vida real, geralmente, são bem bonitos e dolorosos de assistir (ainda mais se você está numa situação similar a estes personagens). No caso de História de um Casamento, mesmo que os detalhes do divórcio do casal de protagonistas estejam bem ancorados na realidade norte-americana, o drama de uma separação em si é muito bem construído aqui. E, tudo amparado por excelentes atuações, e um roteiro bem estruturado, apesar de, em algumas ocasiões, a direção se perder um pouco. Ainda assim, é um tocante drama que se agiganta com a presença marcante de Adam Driver e Scarlett Johansson. 

A Vida Invisível
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Karim Aïnouz parece ser um diretor que realmente não erra. Já fez os ótimos Madame Satã, Praia do Futuro, e agora nos entrega o ótimo A Vida Invisível. Baseado numa história real, o filme acompanha o drama de duas irmãs tendo que viver em meio à sociedade patriarcal no Brasil nos anos 50, onde as mulheres tinham inúmeros deveres e pouquíssimos direitos. Algumas cenas são fortes e evidenciam um desconforto latente de como o machismo pode, literalmente, violentar um mulher. O filme é sutil em diversos pontos, e a parte final é bastante emocionante. Uma realização até simples, diga-se de passagem, mas de um cinema de primeira grandeza. Ah, e Fernando Montenegro é magnífica. 

Entre Facas e Segredos
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Sem dúvida, já se fez muita coisa com a obra de Agatha Christie em diversas mídias. Então, o que fazer para revigorar a obra dessa famosa autora de livros de suspense? Bem, no caso do talentoso diretor Ryan Johnson (do altamente criticado Star Wars: Os últimos Jedi), ele teve a interessante ideia de usar a base das histórias de mistério da autora britânica, mas, subverteu alguns pontos. Por exemplo: logo de início, praticamente já sabemos o que aconteceu no seio daquela família. O modo em si de investigar o que houve é o grande atrativo do filme, além de um elenco afiadíssimo, com destaque para Daniel Craig. KUma produção divertida e inteligente em diversos níveis. 

Retrato de uma Jovem em Chamas
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Neste filme aqui, a diretora Céline Sciamma fez um belíssimo trabalho ao retratar a relação entre duas mulheres numa época onde elas eram praticamente escravas de um sistema bastante opressor. Porém, longe de ser óbvio, o longa aposta bem mais nas sutilezas, do "não dito" para expressar os sentimentos das protagonistas, e quando finalmente elas se entregam, nada é gratuito, de mau gosto ou serve apenas ao voyeurismo masculino. Trata-se de uma história que  mesmo se passando há quase dois séculos, mostra-se incomodamente atual. Amparada pela ótima dupla de atrizes, Sciamma fez um dos filmes mais bonitos (e femininos) do ano. 

Cafarnaum
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Cafarnaum talvez seja o exemplar máximo de "cinema-verdade" que tivemos em 2019. Com um trabalho bastante sólido na sua direção, a cineasta Nadine Labaki fez meio que um Túmulo dos Vagalumes em live action, só que ambientado em outro tempo e espaço. Mas, a alma de ambos os filmes é praticamente a mesma, mostrando como crianças precisam fazer de tudo para sobreviver em um mundo hostil, onde a guerra e a pobreza são os grandes flagelos. Em Cafarnaum ainda temos a presença do excelente ator mirim Zain Al Rafeea, que protagoniza uma cena final que certamente ficará cravada na mente de muita gente por um bom tempo. 

O Irlandês
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Quase como o fim de um jornada aos filmes de máfia que o próprio Scorsese dirigiu (Os Bons Companheiros e Cassino), O Irlandês é a prova do porquê o cineasta é considerado um dos maiores (se não o maior) diretores vivos da atualidade. Com uma narrativa extremamente dinâmica e envolvente, uma trama que flerta com a história real dos EUA e atores com interpretações bastante consistentes, este filme pode ser dividido em duas partes, onde a última são os seus 30 minutos finais, e que são a prova inconteste de que Scorsese continua sendo um mestre do cinema. 

Parasita
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Poucos filmes fora do âmbito hollywoodiano impactaram otanto público e crítica nos últimos anos quanto Parasita. Não é pra menos. O diretor Bong Joon-ho conseguiu ser um cineasta de primeira grandeza ao compôr este drama (que ora se parece com comédia, e em outro momento, remete ao mais puro terror) com maestria, possuindo uma fortíssima carga de crítica social como há muito não se via. Com uma trama que está longe de ser rasa, e com personagens ambíguos (e fascinantes), Parasita expõe muito bem as mazelas de uma sociedade cada vez mais dividida, onde a ignorância e a amoralidade acabam sendo características cada vez mais comuns. 

O Farol
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A Bruxa, filme que se tornou meio que um pequeno fenômeno em 2015, é um bom longa, disso não há o que discordar. Mas, ainda assim, era uma produção onde cabiam mais coisas, como, por exemplo, uma ousadia maior para a trama explorar um pouco mais aquele ambiente. Digamos que o filme foi aquém do que poderia por ser um pouco "contido". Aqui, Robert Eggers, no entanto, parece que se soltou mais e pôde ir bem além numa história (aparentemente) simples, mas repleta de simbolismos. Tudo no filme converge para a sensação constante de loucura e opressão, do enquadramento da tela, à fotografia em preto e branco, e (claro), às atuações sensacionais de Willem Dafoe e Robert Pattinson. Uma produção que pega emprestadas várias ótimas referências (Livecraft, mitologia grega...), mas nenhuma sublima que estamos aqui diante de uma forte alegoria da solidão humana. 

Coringa
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Infelizmente, até hoje, Coringa ficou estigmatizado por muitos "entendedores de cinema" como uma apologia à violência sem limites ou mesmo um simples "filme de incel". Certamente, essas mesmas pessoas teriam criticado severamente Laranja Mecânica, Assassinos por Natureza e Clube da Luta caso tivessem assistido a eles em seus respectivos anos de lançamento. Porque o que temos aqui não é um filme que trata a violência de maneira irresponsável ou tóxica, mas, que incomoda justamente porque questiona a nossa falta de empatia. E, não, Coringa não é um pastiche dos filmes de Scorsese. Apenas toma emprestado um pouco da ambientação de filmes como Taxi Driver para incrementar ainda mais aquela Gothan suja, e repleta de pessoas prestes a explodir. Some-se a tudo isso a magistral atuação de Joaquim Phoenix, e temos o filme do ano. 



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