Dica de filme ("Linha Mortal")

Dica de Filme


Título: Linha Mortal
Ano de lançamento: 1990
Direção: Joel 
Schumacher



Os mistérios da vida e da morte em um thriller de suspense com toques de terror bastante eficiente 

Joel Schumacher foi um ótimo diretor, Isso ficou evidente em vários filmes seus, de "Garotos Perdidos" a "8 MM", passando por pérolas como "Um Dia de Fúria" e este "Linha Mortal". Uma pena, porém, que ele tenha ficado tão estigmatizado pela bomba "Batman & Robin", já que sua filmografia é bem mais interessante e instigante do que a tentativa frustrada de colocar o personagem dos quadrinhos numa abordagem mais infantil, mas, com a cara dos anos 90. 

"Linha Mortal", por exemplo, apresenta uma história absurda e mirabolante, mas, com uma pegada mais ou menos científica bem interessante, e que mescla suspense e terror na medida certa. Mesmo que não se aprofunde nos temas abordados, o filme consegue manter o interesse do espectador, graças aos personagens e à direção cheia de energia de Schumacher. 



O filme não perde tempo em nos ambientar aquele universo. Após uma frase de efeito dita pelo personagem de Kiefer Sutherland (frase essa que irá se conectar bastante com a trama), a narrativa passa a mostrar cada um dos protagonistas, e suas respectivas personalidades; tudo de maneira clara, direta, concisa, sem grandes arrodeios. Apenas no decorrer da história é que iremos descobrir mais camadas naquelas pessoas ali. Mas, no momento, o que é exposto é o necessário. 

A partir daí, a trama entra em uma espiral de acontecimentos estranhos, com diálogos e situações cada vez mais intrigantes, e cujo tema central é a morte (ou melhor: a superação dela). Não à toa, o filme possui muitas iconografias religiosas ao longo da trama, já que a morte sempre foi tema recorrentes das diversas vertentes espirituais surgidas no mundo. Tais conceitos se fundem bem na trama, mesmo nos embates mais espinhosos, e que se referem à ciência x fé. 

O filme também não deixa de ser corajoso ao abordar temas que, se hoje em dia, já causam polêmica, imaginemos na época do seu lançamentos, como bullying e suicídio. Inclusive, com uma crítica, mesmo que sutil às sequelas que os veteranos de guerra trazem consigo. Obviamente o longa pende mais para o suspense, não se debruçando muito nessas questões, algumas vezes, preferindo a solução de roteiro fácil. Mas, é inegável que foi importante um filme expor tais temáticas, e, muitas vezes, pela ótica do oprimido, o que torna a trama um pouco mais humana e crível em meio às situações mais fantasiosas. 





Além de abordar a questão de ciência x fé com de uma maneira, se não profunda, mas, pelo menos, minimamente interessante para o público médio, a história tem muito da questão da redenção, do que procuramos em termos de respostas para a vida como um todo, e como coisas (aparentemente) pequenas (para nós) podem reverberar de forma muito negativa para terceiros (e até nos atingir tempos depois). Ou seja, mesmo sendo basicamente um suspense com toques sobrenaturais, o filme pode gerar boas reflexões. 

Mas, a grande qualidade de "Linha Mortal" está mesmo na forma como Schumacher conduz tudo. Sua direção é muito "engajante", não deixando que a história fique morna, mesmo quando aparenta ter esgotado suas possibilidades. Seja pelo posicionamento, ora criativo, ora com bastante vigor, de sua câmera, seja por outros aspectos, o filme provavelmente não seria tão bom nas mãos de outro diretor. 

Já no campo das atuações, ninguém aqui está fabuloso, mas, tão pouco comprometem. Todos entregam interpretações convincentes, até mesmo nas situações um pouco mais clichês, de Kiefer Sutherland (o melhor dentre todos) a William Baldwin, passando por Julia Roberts e Kevin Bacon. E, em termos técnicos, o destaque fica para a fotografia, que pontua muito bem os momentos de euforia e tensão, com outros de maior tranquilidade. 




No final, "Linha Mortal" se mostra como mais um interessante trabalho na ótima filmografia de Joel Schumacher. Uma carreira, inclusive, que merece uma boa revisitação nesses tempos, especialmente para comprovar o seu talento em extrair ótimas narrativas dos mais diversos tipos de história. História como a deste filme, por exemplo: um suspense com pitadas de terror, um pouco de debate ciência x religião, e outros temas que valem uma boa reflexão (até os dias de hoje, diga-se). 


Nota: 8/10

Comentários