dica de disco ("Family Tree" - Black Stone Cherry)

Dica de Disco

Family Tree
2018 
Artista: Black Stone Cherry


É ROCK'N ROLL NA VEIA, E NADA MAIS

Num tempo em que a música precisa ser intrincada e complicada demais, gerando um som quase "alienígena", às vezes, um bom feijão com arroz é mais do que suficiente. Não que o rock, por exemplo, precise de fórmula A ou b para dar certo, mas, parece que quando ele segue o básico, o resultado é quase sempre animador.

Nisto, chegamos ao novo disco da banda Black Stone Cherry, Family Tree.

E, é com muito gosto que estamos diante de um dos melhores disco da banda. Após uma ótima estreia com um disco homônimo, de 2006, e uma continuação espetacular com Folklore and Superstition, de 2008, foi só decepção, com o grupo enveredando por um caminho bem mais pop, e bem menos interessante. Eis que, 12 anos após o seu debut, o grupo lança, agora, sim, um discaço.



E, o que fez a Black Stone Cherry realizar um retorno triunfal? Bem simples: eles assumiram de vez a sua via southern rock, com elementos aqui e acolá que remetem desde Lynyrd Skynyrd até Black Crowes. Mas, sempre soando como a Black Stone Cherry. Ou seja, apesar das nítidas influências, há identidade. Exemplo disso é a música de abertura, "Bad Rabbit", um baita rockão, onde, no meio, rolam umas distorções empolgadíssimas de guitarra.

E, o som contagiante que o grupo conseguiu forjar como nos seus dois primeiros discos não para na primeira faixa. A segunda, "Burnin'" consegue ser tão empolgante quanto a anterior, só que um pouco mais melódica, porém, ainda assim, ótima. Tremendo feeling. E, por falar em feeling, a terceira faixa chama-se "Nem Kinda Feelin'", e é uma das melhores dos disco, com uma estrutura bem blues rick setentista, o que, convenhamos, é um tipo de som sempre bem-vindo.


"Carry Me On Down The Road" é mais uma estupenda faixa deste ótimo disco, possuindo um riff bastante swingado e bacana, e um instrumental, no geral, de primeira linha. Ótima composição para pegar a estrada (se é que me entendem...). E, depois de tantas pancadas sonoras, uma balada, "My Last Breath". Mas, calma. Não é nada pavorosamente chato, ao contrário: é uma composição bem cadenciada, com intervenções certeiras de um slide aqui e outro acolá. O coral da canção dá um tom bem peculiar à música, lembrando alguns dos melhores momentos do Black Crowes. Coisa linda.

A sonzeira, no entanto, volta a rolar solta em "Southern Fried Friday Night", mais um baita rock'n roll do disco. Em seguida, temos "Dancin' In The Rain", com a participação de ninguém menos do que Warren Haynes, exímio guitarrista da lendária banda The Allman Brothers Band ("só" isso!). Resultado? Precisa mesmo dizer? E, a pegada continua intacta em "Ain't Nobody", sendo já a oitava faixa do disco, e não percebemos a "peteca cair". Dá vontade que o disco seja duplo ou triplo para que continue durando mais. Porém, infelizmente, aqui, já estamos em mais da metade do álbum.

É então quando somos recompensados com a enigmática "James Brown", que, como o próprio nome sugere, é cheia de swing e carisma. Segue mais uma baita composição do disco, com "You Got The Blues", que parece ter saído de uma jam session do discaço Amorica, mais uma vez, do Black Crowes. Em suma: as influências certas. A antepenúltima e a penúltimas faixas ("I Need A Woman" e "Get Me Over You", respectivamente), repetem um pouco das fórmulas mostradas até então, mas, mesmo assim, são boas música. E, tudo termina muito bem com a ótima faixa que dá nome ao disco; mais um rockão dos bons.

Family Tree, facilmente, já se tornou um dos melhores discos de rock de 2018. Não precisou muito. "Apenas" do talento de seus integrantes, que buscaram nas fontes certas a inspiração para forjarem um discaço de rock ao estilo setentista como há muito não se via.

Enfim, aumenta, que isso aí é rock'n roll!


NOTA: 8,5/10


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