DISCO MAIS OU MENOS RECOMENDÁVEL ("Viagem ao Coração do Sol" - Cordel do Fogo Encantado)


Disco Mais ou Menos Recomendável

Viagem ao Coração do Sol
2018 
Artista: Cordel do Fogo Encantado


O RETORNO DO CORDEL DO FOGO ENCANTADO AOS ESTÚDIOS ESTÁ LONGE DE SER MEMORÁVEL

Nesse clima de revival que tomou conta da música brasileira, pelo menos, de uns 15 anos pra cá, muitas bandas vão e voltam, sejam através de especiais do tipo Acústicos, sejam através de álbuns inéditos, onde, muitas vezes, a gente só vislumbra um pouco do que a banda foi há tempos, apesar do referido trabalho ter uma indiscutível qualidade. 

Mas, a mesma aura de outrora, parece ter se esvaziado um pouco. Ouvir o novo disco do Cordel do Fogo Encantado não deixa de passar um pouco dessa sensação em alguns momentos. Em outros, a gente enxerga nitidamente o que foi o Cordel um dia, mas, ainda assim, parece que faltou alguma coisa.



Mais precisamente, falta um pouco mais frescor ao trabalho, com aquela sensação de empolgação que sentíamos ao ouvir músicas como "Chover", "Palhaço do Circo sem Futuro e Morte" e "Vida Stanley". Claro, estamos falando aqui de artistas bastante amadurecidos em sua arte, com anos de estrada, e talvez seja isso o que faltou para esse disco ter ficado memorável: aquela impressão de que estamos diante de um disco com a garra e a vontade dos envolvidos em fazer o álbum do ano.

Não há como negar, porém, que temos belas composições aqui, como "Sideral ou Quem Ama Não Vê Fim", "Liberdade, a Filha do Vento", "Conceição ou do Tambor Que Se Chama Esperança" e a instrumental "Cavaleiro das Estradas do Sol". Todas bem acima da média, mas, que estão, digamos, distribuídas num mar de outras composições até bem feitas, mas, nada que seja um pouco mais instigante e um pouco menos sacal.

Outro aspecto de estranhamento é que, agora, a banda apostou mais em arranjos melodiosos, do que em tribais que davam uma identidade toda peculiar à banda, assim como a voz e a poesia de Lirinha. Este, por sinal, está mais contido do que de costume (talvez por conta da influência mais intimista de seu trabalho solo). Só que essa influência no Cordel não deu um resultado tão marcante como poderia ter sido. Falta, verdade seja dita, "força" na voz de Lirinha, algo a mais que nos dê vontade de cantar junto com o cantor, sensação essa que só vem em um ou outro momento aqui.


Viagem ao Coração do Sol está longe de ser um disco ruim, mas, se comparado com os três primeiros da banda, é, nitidamente, inferior. Ok, sem comparações, então. Dado o que é feito hoje em dia na música independente no Brasil, convenhamos que temos discos bem melhor resolvidos, como A Rotina do Pombo (Tiago Elniño), Cortes Curtos (Kiko Dinucci), Galanga Livre (Rincon Sapiência), Mundo Engano (Banda Eddie), e tantos outros.

No máximo, e sendo menos chato na crítica, estamos diante de um álbum apenas na média. Muito pouco para o que o Cordel representou num passado recente.


NOTA: 6/10


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