Dica de Disco ("Zuma" - Neil Young & Crazy Horse)

Título: Zuma
Ano de lançamento: 1975
Artista: Neil Young & Crazy Horse


Após o pesado Tonight's the Night, Neil Young encontra alguma paz em Zuma

Se hoje em dia Neil Young é (merecidamente) reverenciado em diversos nichos do rock, chegando ao ponto de ser considerado o "padrinho do grunge", por exemplo, é porque sua vasta obra é realmente brilhante. Dá pra pegar qualquer disco aleatório dele, e dificilmente o resultado não será um álbum bem acima da média. Como é o caso deste Zuma aqui. 




É preciso lembrar que a década de 70 foi uma das mais prolíficas para o cantor e guitarrista, que lançou petardos em cima de petardos: Harvest, Tonight's the Night, Rust Never Sleeps... Zuma é mais um dessa safra incrível de clássicos, apesar de ter nascido em meio a brigas e desavenças de todos os tipos. Isso porque na época Young se juntou ao Crosby, Stills & Nash para a gravação de um disco que deveria ter sido chamado de Human Highway. 

As sessões de gravação do trabalho foram marcadas para o verão de 1974. Contudo, as já conhecidas discussões entre os integrantes do Crosby, Stills & Nash acabaram azedando a parceria. pORÉM, ainda deu tempo para uma música ser feita: Through My Sails, que seria reaproveitada em Zuma alguns meses depois. Foi quando Young ligou para a sua habitual parceira, a Crazy Horse. 

Lembrando que nesse período a própria Crazy Horse passava por momentos conturbados, e estava se estruturando em meio a uma tragédia. Depois da morte do guitarrista Danny Whitten por overdose de heroína, Nils Lofgren e Jack Nitzscheu (respectivamente, o guitarrista e o tecladista da Crazy Horse) saíram da banda, deixando apenas o baixista Billy Talbot e o baterista Ralph Molina. É quando conhecem o excelente guitarrista Frank “Poncho” Sampedro, e reformulam a banda completamente. 

Prato cheio pra um novo trabalho de Neil Young. 




Uma das grandes diferenças de Zuma para outros discos da parceria Young-Horse é que as músicas, mesmo tendo a habitual energia que se espera, possuem algo mais sutil, e as linhas harmônicas das composições parecem se encaixar melhor. Pra se ter uma ideia, as guitarras de Young e Sampedro não querem "competir" por espaço. Ao contrário: fundem-se de maneira muito natural, deixando o disco com bastante força, mas, também com um ritmo agradável de escutar. 

Ao mesmo tempo a influência das sessões anteriores com o Crosby, Stills & Nash se faz presente em grandes composições, como Pardon My Heart e Looking for a Love. O disco também é feito de canções "barulhentas" (no bom sentido), que nem se escuta na abertura Don't Cry No Tears e em Drive Back. Contudo, o grande momento do álbum é no épico Cortez the Killer, com seus mais de 7 minutos de duração, sendo um ótimo exemplo de música pra ser tocada ao vivo, com a emoção que só o Neil Young e a Crazy Horse são capazes. 

Conseguindo o mesmo sucesso que o disco anterior (Tonight's the Night), Zuma alcançou o 25º da parada de sucessos da Billboard (quando ela ainda tinha credibilidade), mostrando que Young podia fazer discos excelentes em qualquer circunstância. É só lembrar que Tonight's the Night foi feito sob o peso da morte de Danny Whitten, enquanto que Zuma é meio que uma superação. Dois álbuns fabulosos e que precisam constar na discoteca básica de qualquer pessoa que goste de rock. 


NOTA: 9/10

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