Filme Não Recomendável

Os Dez Mandamentos
2015
Direção: Alexandre Avancini


Depois de assistir a este filme, fica a dúvida se o que acabamos de ver foi uma mera propaganda cristã muito mal elaborada, ou se foi pura picaretagem, mesmo. Talvez, ambas as coisas, pois, isto aqui pode ser tudo, menos cinema. E, não por causa de seu viés religioso, já que temos ótimos filmes com essa temática ao longo dos anos. É porque "Os Dez Mandamentos" é muito ruim.

Mesmo assim, por um momento, esqueçamos a sanha do pastor Edir Macedo em querer faturar em cima da fé alheia de maneira sempre vergonhosa, e tentemos analisar a coisa pelo prisma única e exclusivamente da sétima arte (se é que isso é possível). Assim não seremos acusados de estarmos sendo anti-cristãos ou coisa do tipo pela patrulha ideológica dessa gente.




Pra começar, a produção é muito cansativa. Já nos dez primeiros minutos, muitos fatos acontecem, atropelando uns aos outros, numa corrida frenética, regada a uma edição que pretende ser estilosa, mas que soa pedante. A câmera lenta deixa tudo mais constrangedor, parecendo que estamos vendo uma espécie de comercial do programa "Fala, que eu te Escuto".

As atuações seguem na mesma linha dantesca. Exageradas, canastronas, como se os atores estivessem lendo o script ali, na hora, sem expressividade, sem emoção, sem entrega. Não há interpretações de verdade; há canastrices. Só uma ou duas se salvam por mérito do esforço de alguns (e, olhem lá). Parece que nem os próprios atores se envolveram no projeto, não fazendo questão de entregarem algo minimamente consistente.




A história, em si, mesmo sendo amplamente conhecida por todos,  tem, sejamos honestos, muita força narrativa. Portanto, não precisaria de tanto malabarismo para contá-la, concordam? Porém, os realizadores de "Os Dez Mandamentos" se esqueceram de premissas básicas que fazem parte do bom cinema. Parece que, literalmente, fizeram uma "colagem" de algumas cenas da novela que originou o filme, tornando tudo muito rápido, e, ao mesmo tempo, esvaziando qualquer forma de empatia para o público. Muito dinamismo pra pouca emoção (quase uma heresia).

As cenas vertiginosas (no pior sentido), com várias tomadas em câmera lenta emulam filmes recentes, como "300". No entanto, enquanto a produção de Zack Snyder era divertida, justamente por ser caricata, aqui não tem jeito. Beira o constrangimento, a pura e simples vergonha alheia, principalmente, na cena final, que é um "primor" de plágio, mostrando que, em nome da religião, o ser humano pode ser bem ridículo.




Enfim, "Os Dez Mandamentos" não é um filme recomendado pra ninguém, seja você cristão ou não. É um mero produto de propaganda religiosa muito mal feito. Se é para ver essa história com certa qualidade, muito melhor é assistir o clássico "Os Dez Mandamentos", com Chalton Heston, ou até mesmo o desenho da Dreamworks "O Príncipe do Egito". É tudo tão fantasioso e absurdo quanto, mas, estes, pelo menos, possuem algo que pode ser considerado cinema.

Amém.


NOTA: 0,5/10 

Comentários