Dica de Disco

Macaco Bong
2016
Artista: Macaco Bong


Com música instrumental, não se tem meio termo: ou você gosta muito, ou você gosta (muito) pouco. Talvez, isso se dê pela grande variedade de estilos que compõem esse tipo de som, aonde encontramos desde o jazz, passando pelo eletrônico, e chegando ao rock, em seus mais diversos sub-gêneros. O que complica também é que fazer música instrumental não é das tarefas mais simples. Não basta mostrar muita "virtuosi" nos instrumentos; é preciso que haja certo "carisma" nas composições, que elas tenham uma determinada estrutura, e não sejam um mero amontoado de sons.

Nisso, chegamos ao grupo Macaco Bong, que já está aí há um bom tempo transitando nessa seara (mais precisamente, desde 2004). E, de lá pra cá, pelo menos, no meio mais alternativo, ele sempre gerou algum burburinho, mais pelas suas explosivas apresentações ao vivo do que pela qualidade dos seus discos, em si. Não que fossem ruins, mas, até agora, faltava um trabalho em estúdio, que fosse mais caprichado e que realmente passasse o poder que a banda é ao vivo. E, com esse lançamento recente, eles, de fato, conseguiram chegar lá.



O que diferencia este dos discos anteriores da banda é, justamente, alguns detalhes que, no conjunto, fazem bastante diferença. Por exemplo, quando a guitarra em "Chocobong" emula um cavaquinho num chorinho, dando ainda mais riqueza melódica à canção, você percebe o quão elaborada está a coisa aqui. Ou quando temos a mistura ensandecida de ritmos em "Baião de Stoner", cujo título já é bastante auto-explicativo. Ou seja, não se trata apenas do nicho "rock instrumental", apesar dessa ser a sua base. E, é esse dinamismo em cada música que salta aos ouvidos logo na primeira audição.

Esse amalgama de referências foi muito salutar para o Macaco Bong, principalmente, porque permitiu aos instrumentas se soltarem mais. É o caso de Bruno Kayapy, que faz horrores na guitarra, tentando soar diferenciado em cada canção; e, conseguindo. Ynaiã Benthroldo (na bateria) e Ney Hugo (no baixo) "colam" tudo de maneira competente, ambos fazendo uma cozinha sonora que privilegia muito a variedade de cores que encontramos aqui. Nada extremamente técnico, é verdade, mas, feito com garra e energia (protótipos básicos de qualquer bom show de rock que se preze).


Outras composições que se destacam no disco é a funkeada "Carne Loca" e a bastante experimental "Macaco", que encerra o trabalho. O ponto negativo fica por conta da duração de algumas composições, como em "Chocobong", com os seus desnecessários 9 minutos. Fossem as composições um pouco mais enxutas, o álbum, com certeza, ganharia mais em coesão, sem o risco der "distrair" o ouvinte. Mesmo assim, não chega a ser uma falha tão grave assim, visto que o dinamismo das canções impede que elas sejam cansativas e maçantes (exatamente, o erro dos discos anteriores do grupo).

No geral, "Macaco Bong" ainda não é o que podemos chamar de discaço, mas, está bem a frente dos outros trabalhos em estúdio da banda. Caso sigam esse caminho da diversidade sonora, e condensem as suas composições um pouco mais, podemos, aí sim, dizer que todo o hype no meio alternativo ao Macaco Bong não foi infundado. Ao menos, até esse momento chegar, este disco aqui pode ser apreciado, sem maiores contraindicações. Basta colocar pra tocar, e aumentar o volume o máximo que puder.


NOTA: 8/10


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