Lista (Melhores filmes de 2021)

Lista de fim de ano



2021 foi complicado, mas a sétima arte conseguiu canalizar essa turbulência através de filmes que falaram muito bem de assuntos que precisavam ser explorados e debatidos (alguns, com mais sutileza, outros, de forma mais escancarada). 

Em um ano onde o cinema (fisicamente falando) voltou aos poucos, o streaming teve bastante espaço, e muita coisa boa foi lançadas em ambos os circuitos. 

Aqui, enfim, segue minha lista com os 15 melhores filmes de 2022. 


15. "Azor" (Direção: Andreas Fontana)


O tema ditadura militar pode soar batido no cinema latino-americano, mas, é inegável que ele ainda consegue gerar produções de qualidade. É o caso de "Azor", que reflete a mesquinhez, a alienação e a completa falta de escrúpulos da elite argentina em meio a um horror que ela se recusava a enxergar (e, quando finalmente via, tentava lucrar em cima da da tragédia). Filmão sutil e poderoso. 

14. "The Card Counter" (Direção: Paul Schrader)


Schrader continua fazendo filmes muito bem feitos, com a elegância de quem entende seu ofício. "The Card Counter" é mais um exemplo disso, cuja história não precisa se valer de correrias ou grandes arroubos narrativos para ser realmente interessante e prender a atenção do espectador. E, ainda por cima, tem um final muito bem construído. Simples, mas, preciso.


13. "Os Inocentes" (Direção: Eskil Vogt)


Com uma premissa que lembra vagamente o insosso "Brightburn", este "Os Inocentes" também explora a possibilidade de crianças com superpoderes, e que não necessariamente usam esses dons para o bem. A diferença aqui é que a produção norueguesa aborda uma construção de personagens que vai além da bobagem bem x mal, mostrando que a perversidade pode, de alguma forma, ser construída. Filme muito bom com alguns momentos tensos e angustiantes. 

12. "A Vida Elétrica de Louis Wain" (Direção: Will Sharpe)


Vez ou outra, surge um filme em tom de fábula, na mesma linha de "Peixe Grande", e que aborda a vida comum e banal de um jeito mágica e singelo. Este ano, a produção que conseguiu isso foi "A Vida Elétrica de Louis Wain", que conta a peculiar história real de um desenhista que, com suas ilustrações de gatos, provocou um apreço na sociedade inglesa da época para criar esses felinos como animais de estimação. Cumberbatch arrasa como o protagonista, especialmente em algumas sequências carregadas de dramaticidade. 
 

11. "Raya e o Último Dragão" (Direção: Carlos López Estrada e Don Hall)


É nítido que a Disney vem tentando adicionar sutis diferenças nas suas produções mais recentes, e isso, mesmo que a passos lentos, tem feito a temática de suas animações fugir um pouco dos velhos clichês. Em "Raya e o Último Dragão", por exemplo, a protagonista não tem par romântico, e não há donzelas em perigo que são salvas por heróis estereotipados. Pode parecer pouco, mas, é muito bacana assistir simplesmente a uma boa história sem alguns elementos batidos e ultrapassados. 


10. "Lamb" (Direção: Valdimar Jóhannsson)


Todo ano tem a sua cota de filmes esquisitos, mas, que dizem muito mais do que aparentam. Um dos que aportaram por aqui foi "Lamb", cuja premissa parece um tanto absurda, mas, é contada de maneira tão interessante, que, com o passar do tempo, as bizarrices não incomodam mais. Ou melhor: incomodam. Mas, por outros motivos. Uma fábula sombria sobre maternidade e paternidade, e outros simbolismos mais. 

09. "Não Olhe para Cima" (Direção: Adam McKay)


Muita gente reclamou que essa sátira ao negacionismo científica ficou caricata demais. Ora, mas, não deveria ser essa a função de uma sátira? Além disso, ao olharmos para a vida real, certamente encontraremos pessoas mais caricatas quanto as que vemos neste filme, que cumpre muito bem o seu papel de debochar da ignorância que tomou conta das pessoas nos dias atuais. Besteirol? Sim. Nada mais fidedigno à realidade, portanto. 

08. "First Cow" (Direção: Kelly Reichardt)


Muitos falam que "First Cow" é um faroeste intimista, mas, talvez seja melhor dizer que se trata de um drama simples, mas, muito poderoso, sobre a amizade. Não precisando apelar por convenções de qualquer gênero, o drama é um ´timo exemplo de como uma história pode ser boa a depender de quem a conte. O final é desconcertantemente seco e dolorosos. 

07. "Meu Coração Só Irá Bater Se Você Pedir" (Direção: Jonathan Cuartas)


Sim, o tema do vampirismo já foi explorado de todas as formas possíveis e imagináveis no cinema. Ou melhor: quase todas. Afinal, quando há talento envolvido, essa mitologia ainda pode render histórias, no mínimo, curiosas. Um bom exemplo é esse filme independente, do diretor Jonathan Cuartas, e que aposta em uma abordagem amis intimista do tema, no qual o roteiro aproveita para fazer comentários sobre a questão da família e outros assuntos. 

06. "Noite Passada em Soho" (Direção: Edgar Wright)


Alguns gêneros, subgêneros e vertentes do cinema antigo vêm sendo homenageados nesses últimos anos. No caso do giallo italiano, por exemplo, só nesse ano tivemos é medíocre "Maligno" e o inventivo "Noite Passas em Soho". Edgar Wright já tinha mostrado talento em "Baby Driver", e agora veio com uma obra mais sólida, mesmo que seja calcada, a princípio, em homenagens. Um belo exemplar do cinema estadunidense desse ano. 

05. "Colmeia" (Direção: Blerta Basholli)


É muito comum um filme contar uma história real através de um viés que seja importante e necessário para o seu tempo. Em "Colmeia", a diretora Blerta Basholli aborda de maneira muito precisa a luta da mulheres de Kosovo, em 1999, após um conflito que deixou desaparecidos inúmeros homens que viviam na região. Sem condições de se sustentarem precisam enfrentar o patriarcado local pra conseguirem trabalhar dignamente. Filme forte e estimulante. 

04. "Quo Vadis, Aida?" (Direção: Jasmila Žbanić)

A estupidez da guerra e seus horrores são muito bem mostrados aqui, onde ninguém, nem mesmo aqueles que se julgam privilegiados, estão a salvo. A narrativa é angustiante, e até o último momento, não sabemos o que, de fato, poderá acontecer à personagem Aida e seus familiares naquele campo de refugiados. Filme poderoso do início ao fim.


03. "7 Prisioneiros" (Direção: Alexandre Moratto)


O melhor filme brasileiro de 2021 é curto, conciso, e nem por isso deixa de ser perturbador. Abordando um tema bem atual, a produção faz um interessante e necessário estudo de personagem não apenas do algoz, mas, da vítima que, um dia, pode virar o algoz também. O roteiro é preciso e as atuações de Santoro e de Malheiros estão formidáveis. Produção nacional de altíssima qualidade. 

02. "Annette" (Direção: Leos Carax)


Carax é um cineasta muito pouco usual. A única coisa que podemos esperar de seus filmes é que serão, no mínimo, diferentes. E nos farão pensar. Muito. "Annette" é quase um manifesto em favor da vida em forma de musical subversivo e sarcástico. Mas, também é bonito e triste em vários momentos. Que Carax e suas argutas reflexões continuem a produzir obras como esta. 

01. "Nove Dias" (Direção: Edson Oda)


Assim como "Annette", o filme do brasileiro Edson Oda é um belíssimo tratado em favor da vida. Seu viés filosófico e reflexivo nunca se torna pedante, e mesmo que algumas situações ali soem estranhas e sem explicação, a narrativa prende o espectador com maestria. Os personagens são ótimos, e o desfecho do longa é pra aplaudi de pé. Em um ano onde produções com bastante autorilidade se destacaram, "Nove Dias" realmente merece o pódio. 

 


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