Dica de Filme ("Cuando acecha la maldad")

 Dica de Filme


Título: Cuando acecha la maldad (Quando a maldade espreita)
Ano de lançamento: 2023
Direção: Demián Rugna


O mal que alimentamos 

Filmes de terror hoje em dia precisam de algo mais para garantir o interesse do espectador. Tudo bem que os terrores de shopping centeres, aqueles mais padronizados, e "inifensivos", repeltos de sustos fáceis, continuam a fazer reçativo sucesso, mas, se até o recente exemplar da franquia "Jogoa Mortais" ousou fazer algo diferente em sua primeira meia hora, aproximando mais Jigsaw de nós, é a prova de que até o terror mais blockbuster está tentando algo a mais. 

Felizmente, 2023 tem tido uma safra excelente nesse sentido, de "A Morte do Demônio: A Ascensão", aos excelentes "Fale Comigo" e "Ninguém vai te Salvar". E agora, com o argentino "Cuando acecha la maldad", que, mesmo não sendo nada inovador, traz um frescor legal a um subgênero do terror que anda meio desgastado (apesar de algumas boas surpresas aqui e ali). Além disso, o filme dirigido pelo talentodos Demián Rugna não se furta a ser grotesco e cruel quando necessário (algo que, certamente, será sublimado numa evnatual refilmagem hollywoodiana - o que irá acontecer, creio eu). 




Certamente, a melhor parte do filme é a sua primeira metade, tão caótica, brutal e desconcertante, que nos sentimos tão perdidos quanto o protagonista Pedro, que, inclusive, vale ressaltar que muitos andam reclamando que ele toma decisões tresloucadas e idiotas demais durante a história. Porém, o roteiro em momento algum diz que ele e o irmão são pessoas preparadas ou extrememente inteligentes e frias. Ao contrário: em momento pontuais, entendemos que Pedro possui uma grande instalibidade emocional, e isso ele mesmo faz questão de mostrar. Portanto, nada inverossível. 

Em se tratando da trama em si, tudo começa muito nebuloso, com um corpo encontrado na floresta, um homem completamente deformado numa cama, cuja mãe afirma estar possuído por demônios, e por aí vai. E, o bom do roteiro, pelo menos nesse início, é que ele não dá respostas fáceis, nada é muito expositivo, e, portanto, cada acontecimento é inesperado, imprevisível (e, geralmente, cada um mais perturbador do que outro, especialmente, quando passa a envolver crianças, inclusive, um autista). 

Já, nas entrelinhas, a trama parece querer falar que o mal que espreita o mundo é muito por nossa culpa, onde a depender das nossas decisões, podemos desgraçar a vida alheia, chegando a contribuir com o apodrecimento da natureza, dos animais e das pessoas. Não à toa, uma das regras para se combater os "infectados" é não usar armas de fogo, pois, aí a infecção, o demônio, ou seja lá o que for, passará diretamente para o corpo da pessoa, o que torna a alegoria aqui bastante óbvia. Tão evidente quanto mostrar também que a imprudência do seu protagonista causa problemas graves. 



"Cuando acecha la maldad" tem algumas cenas bastante pesadas, mas, nada que seja demasiadamente apelativo ou com sadismo vazio. Alguns momentos são até tristes, especialmente, no que se refere a crianças, e não por acaso, a figura dos pequenos terá papel de destaque no desfecho da trama, como se esse mundo dos adultos já estivesse tão impregnado pelo mal, que as crianças acabam sendo algo mais potencializado e cruel nesse mundo (como o próprio título sugere) tomado por forças demoníacas. 

No entanto, nada é tão perfeito assim, e depois de uma primeira metade impactante, a produção cai de ritmo, explica um pouco além da conta e deixa de expandir um a mitologia em torno daquilo ali. Talvez algumas coisas, se tivessem ficado mais no campo da sugestão, teria sido melhor. Ainda assim, nesse segundo momento, há cenas muito bem construídas e agoniantes, e o final tem aquele quê de desesperança que todo bom filme de terror precisa, apesar de possibilitar gancho para continuações (o que pode ser péssimo, vide o que aconteceu com "[Rec]"). 



No final, "Cuando acecha la maldad" poderia ter sido só um pouquinho melhor para ficar bem acima da média como outros exemplares recenetes do terror, mas, ainda assim, cumpre bem o seu papel de agoniar o espectador, e traz alguns momentos impactantes, além de construir um mundo interessante que pode ser melhor expandido para futuras continuações. No momento, é mais uma grata suspresa de um gênero de filme que em 2023 trouxe muita coisa boa.


Nota: 8/10



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