Dica de Disco

VII - Strum und Drang
2015
Artista: Lamb of God


Tudo intacto e no seu devido lugar. É isso o que pensa o ouvinte de longa data da banda Lamb of God ao ouvir apenas os segundos iniciais de "Still Echoes", primeira faixa do mais recente disco deles, "VII - Strum und Drang". A cadência, a bateria alucinada, os riffs certeiros e um vocal infernal. É, o Lamb of God não mudou muito (e isso pode ser bom ou ruim, dependendo do que você espera de um artista). A segunda música do trabalho, "Erase This", ainda mais pesada e rápida do que a anterior confirma: ame ou odeie, mas eles fazem música com muita competência.

E, olhem que o grupo passou, recentemente, por sérios problemas. Randy Blythe, o vocalista, foi acusado de ter causado a morte de um fã da banda na República Tcheca em um show em 2010. Preso dois anos depois, quando retornou ao país para tocar, foi julgado e inocentado. Some-se a isso, o baixista John Campbell ter precisado se afastar do Lamb of God em 2013 por problemas familiares.

Mas, como todo problema gera uma solução, esses acontecimentos serviram ainda mais para o amadurecimento deles (pelo menos, no som). Agora, depois de alguns discos lançados, já vemos a identidade do grupo bem dilapidada, com muitas influências, porém, sem soarem cópias. Conseguiram uma mescla do simples com o elaborado.


Bem, chegamos na terceira faixa, "512", cuja introdução lembra Iron Maiden (acreditem!). O vocal narrado parece algo épico. Até que o habitual peso toma conta. A banda está mais coesa do que nunca. O refrão alucinante, perfeito para shows. E, um solo curto, mas animalesco, de guitarra. Destaque do disco, sem dúvida.

"Embers". 4ª faixa. Introdução Thrash. Aqui, os vocais parecem um pouco Pantera. Sim, meus caros, já deu pra perceber: Randy Blythe está cantando de forma mais variada, e, queiram ou não queiram os juízes, o resultado ficou muito bom. Nenhuma invenção da roda, mas tudo absurdamente bem feito, acima da média. Até agora, não há o que reclamar.

Na música seguinte, "Footprints", o que dita o ritmo é a bateria monstruosa. Propositalmente ou não, é ela que prepara o terreno para a canção mais polêmica do álbum, "Overlord". Por que polêmica? Digamos que metade de seus 6 minutos é composta por uma balada, que muito me recordou o Metallica, fase "Load", e até um pouco do Alice in Chains. Problema nisso? Não! Ela é linda, e só desagrada a fãs xiitas, mesmo.

Ok, não gostou da balada deles? Calma que eles voltam com peso redobrado em "Anthropoid". Tipicamente Lamb of God, com um refrão para gritar junto, e momentos de "rodas punk" como tem que ser. Ah, e mais uma vez, parabéns a Randy Blythe. Suas interpretações são o que há de melhor nesse disco. Não desmerecendo o restante da banda, mais esse diferencial de interpretações dele ficou muito bem trabalhado.


"Engage the Fear Machine" é boa, mas poderia ter ficado melhor. A competência está lá, mas isso já virou obrigação do grupo. Não possuindo nenhum diferencial, além do "mais do mesmo", a canção é apenas passável. Sem problemas. É perdoável. Estamos já na oitava faixa. Querer excelência 100% do tempo não dá. Adiante.

Aí, chega "Delusion Pandemic", e a coisa ganha mais propriedade, mesmo mostrando o que já conhecemos. O ritmo do refrão é pegajoso, sendo somente interrompido por uma parte narrada do Randy (com bastante raiva, diga-se). O início de "Torches" remete, mais uma vez ao Metallica, e até algumas incursões de progressivo. Se levarmos em consideração que a banda está afiada instrumentalmente, então, concluímos: belo resultado.

Na versão deluxe do disco, temos duas faixas-bônus. "Wine and Piss" não tem muito o que dizer. É Lamb of God em estado bruto (literalmente). Já, "Nightmare Seeker" é arrastada e cadenciada, mas, assim como "Engage the Fear Machine" não possui destaques. Música simples e só. Ah, o que um pouco mais de capricho não faz...

Vale lembrar que o álbum possui participações especiais muito boas. Primeiro de Chino Moreno, dos Deftones, na música "Embers", e depois, Greg Puciato, do The Dillinger Escape Plan, na canção "Torches". Ambos contribuem para o resultado ficar ainda melhor, onde suas interpretações, por contrastarem com a de Randy Blythe, deixam as faixas bastante interessantes.


Sim, o Lamb of God sobreviveu, e lançou um ótimo trabalho para mostrar isso. Mesmo se repetindo em alguns pontos, é um disco que merece mais de uma escutada. Se há males que vêm para o bem, que, a partir de agora, a banda cresça ainda mais.

NOTA: 8/10

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