Especial

10 Discos Feministas Para Comemorar sua Aprovação no ENEM


Você entendeu a questão que citava Simone de Beauvoir? Percebeu que a prova do ENEM estava repleta de ideias diferentes, não podendo ser chamada de "doutrinadora"? Fez uma redação redondinha, supercoerente, posicionando-se a favor do respeito e da dignidade da mulher? Então, minha amiga e (principalmente) meu amigo, estes discos são para comemorar seu ingresso na faculdade.

Bons estudos!


10º
"Sleater-kinney" (1995)
Artista: Sleater-kinney
Destaque do disco: "Real Man"

As mulheres no rock'n roll são raras. No punk, então, poucas têm vez e voz. O grupo Sleater-kinney, formado em Washington, destaca-se por ter uma posição feminista dentro e fora dos palcos. Seus álbuns, frequentemente, denunciam o machismo e a misoginia que ainda imperam na sociedade. E, tudo embalado num som de muitíssima qualidade. Detalhe: continuam na ativa, e fazendo discaços.



"Vengo" (2014)
Artista: Ana Tijoux
Destaque do disco: "Antipatriarca"

Tijoux tem mais de um motivo para ser engajada: além da rapper chilena trazer um discurso Feminista muito forte em suas letras, ela é filha de exilados da ditadura militar de Augusto Pinochet. Com uma mente cosnciente, deu no que deu: uma artista que tem o que dizer, e o faz de forma bem direta. Os versos de "Antipatriarca" já são bem explicativos: “Não vou ser aquela que obedece/ porque meu corpo me pertence/Eu decido meu tempo,/ como e onde quero/Independente, eu nasci/Independente, decidi”.  



"Flora Matos vs Stereodubs" (2009)
Artista: Flora Matos
Destaque do disco: "Pai de Família"

Vinda diretamente de Brasília, Flora Matos é uma promissora representante do hip hop nacional. Mas, não só. Também se posiciona criticamente em relação ao machismo, principalmente, no meio do rap. "Meu público é formado por uma maioria feminina e eu sinto que alguns homens estranham, mas eles estão ali. Estão presentes e estão respeitando”, diz.



"Tidal" (1998)
Artista: Fiona Apple
Destaque do disco: "Sullen Girl"

Fiona Apple não apresenta um discurso feminista à toa. Aos 12 anos, foi estuprada por um desconhecido no prédio de sua mãe, fato que deixou nela marcas profundas, como transtornos obsessivos compulsivos e alimentares, que evoluíram para uma anorexia nervosa. Sua estreia com o álbum "Tidal" foi, então, um expurgo necessário. Segundo ela, "era preciso tratar do assunto, senão, ele acaba nos controlando". Corajosa.



"Garotas Más Vão Para o Céu, Garotas Más Vão Para Qualquer Lugar" (2001)
Artista: Rebecca Matta
Destaque do disco: "Garotas Más Vão Para o Céu, Garotas Más Vão Para Qualquer Lugar"

A baiana Rebecca Matta já vem, a um bom tempo, remando contra a maré, e fazendo discos vigorosos (mesmo que esparsos). Boas influências, ela tem, que vão desde Chico Science até Radiohead, passando por Tom Zé. A cancão-título deste disco é um tapa na cara do conservadorismo: "Toda garota tem xoxota, e tem muito amor pra dar!"



"From the Choirgirl Hotel" (1998)
Artista: Tori Amos
Destaque do disco: "Playboy Mommy" 

Tori Amos é outra, que assim como Fionna Apple, escolheu sua arte para desabafar seus traumas, angústias e sofrimentos. Este disco, por exemplo, trata, sem constrangimentos, dos abortos que Amos sofreu, mas que a deixaram debilitada, principalmente, mentalmente. Mesmo espontâneos, ainda são assuntos difíceis para as mulheres tratarem, e Amos o faz com muita dignidade.



"Girl Talk" (1964)
Artista: Lesley Gore
Destaque do disco: "Wonder Boy"

Falecida recentemente, Lesley declarou-se lésbica 10 anos atrás, em 2005. Não obstante, ainda revelou que estava num relacionamento sério com a designer Lois Sasson desde 1982. Também participava, desde 2004, de um programa de TV que abordava questões LGBT. Porém, nos longínquos anos 60, ela já dava provas de ser uma mulher aguerrida, com toques feministas, principalmente, em seus discos, onde se impunha diante do autoritarismo de alguns homens. Visionária, no mínimo.



"She's So Unusual" (1983)
Artista: Cindi Lauper
Destaque do disco: "Girls Just Want to Have Fun?"

Até hoje, Lauper luta pelos direitos das mulheres (e, de outros grupos), sendo uma ativista de mão cheia. Pra se ter uma ideia, ela escreveu uma música sobre Matthew Shepard, estudante da Universidade de Wyoming, agredido e assassinado por ser gay, organizou uma campanha contra o assédio moral de pessoas homossexuais nas escolas e locais de trabalho, militou na aprovação da Lei de Prevenção de Crimes de Ódio e construiu um abrigo para jovens LGBT em Nova York. Evidente que sua música iria refletir isso. É o que encontramos na clássica música “Girls Just Want to Have Fun?” Escrita, originalmente, na perspectiva de um homem, o que incentivava a submissão das mulheres, o empresário de Lauper a convenceu de cantar a canção sob uma ótica feminina, e o resultado foi quase um hino sobre o tema.


"Lady in Satin" (1958)
Artista: Billie Holliday
Destaque do disco: "Don't Explain"

Como falar de mulheres fortes, e não citar as grandes jazzistas, principalmente, as negras de décadas atrás? Ou seja, além de lutarem contra um claro racismo, que ainda hoje, é presente, elas tinham que lidar com companheiros, muitas vezes, infiéis e até violentos. E, a vida de Holliday não ajudou muito. Aos 10 anos de idade Billie foi violentada por um vizinho, mas no lugar do homem que a abusou, a própria vítima foi quem sofreu as consequências, sendo levada para um reformatório, como "punição". Casada algumas vezes, sua vida pessoal era extremamente atribulada. Disse em certa ocasião: "Ninguém canta como eu a palavra 'fome' ou a palavra 'amor'."



 "Private Dancer" (1984)
Artista: Tina Turner
Destaque do disco: "What's Love Got to Do with It"

Na realidade, qualquer disco de Tina Turner poderia, facilmente, estar nesta lista. Isso se justifica pelo fato dela ser um mulher que soube superar, com grande dignidade, muitos momentos tensos em sua vida. Um dos principais, sem dúvida, foram as agressões que sofria do antigo marido, Ike, que fazia parte de sua banda em meados dos anos 60. O troco não tardou a surgir, quando, alguns anos após a separação, Ike procura Tina pedindo ajuda financeira por estar falido. E, ela realmente o auxilia, não sem antes deixar bem claro que não queria vê-lo nunca mais! Um tapa na cara de qualquer machismo!


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