Dica de Disco

Weezer (White Album)
2016
Artista: Weezer


A monocromia que nos permite a liberdade. Que aceita em sua superfície uniforme que exploremos e experimentemos formas, arranjos, conteúdos. Na música, ela é emblemática. Emprestou o seu conceito a obras essenciais, do Álbum Branco dos Beatles, ao Disco Preto do Metallica. No universo alternativo, coube ao Weezer fazer da monocromia uma de suas ferramentas. Os melhores trabalhos de uma das bandas mais "nerds" de todos os tempos são assim: do Azul, passando pelo Verde, e chegando, mais recentemente, ao Vermelho. Quando pensávamos que a fórmula havia se esgotado, eis que surgem com esta pérola Branca, desde já, um dos mais agradáveis discos de 2016.

O que faltava em trabalhos anteriores, aqui temos de sobra: guitarras altas, com muita distorção, letras inusitadas, e, claro, muita "nerdice" e diversão, mas, sem perder a atitude do bom e velho rock'n roll. Tudo elevado ao padrão Weezer de qualidade. Começar o disco com a ensolarada "California Kids" foi uma ótima ideia. Andamento descaradamente pop, com bom refrão, fazem dela uma canção irretocável. Mesmo assim, ela não "entrega" o que vamos ouvir no restante do disco. Tanto é que a seguinte, "Wind in Our Fail" tem um climão bem britpop, lembrando os melhores momentos do Supergrass, por exemplo. Outra música que se destaca fácil.



Pra completar a trinca que abre o álbum, temos a empolgante "Thank God for Girls", cuja sonoridade vai remeter (acreditem, se quiser) em bandas emblemáticas dos anos 90, como o Sublime. Sim, essa aqui tem ska e funk dos bons em seu DNA, e ao vivo deve ficar uma beleza. A bem-vinda alegria estampada de "(Girl we got a) good thing" evidencia uma qualidade que o Weezer ainda conseguiu preservar em todos esses anos: a capacidade de compor músicas simples, com apelo pop muito nítido, mas, não perdendo suas raízes de rock alternativo.

"Do you Wanna Get High" é o máximo que o Weezer consegue fazer um termos de "balada". Não reclamem. Ela é bonita, pegajosa, intensa. E, muito "nerd". Em contrapartida, temos "King of the World" que é até boa, mas, no contexto geral, acaba perdendo pontos por não ter algo que a destaque das demais, sendo igual demais a outras músicas do próprio disco. Mas, vá lá. Estão desculpados. Até mesmo porque temos em seguida "Summer Elaine and Drunk Dori", que é quase uma volta ao passado do Weezer. Não há como não lembrar do "Blue Album".



O disco, infelizmente, é curto; pouco mais de meia hora. Encerra-se com a arrastada, mas, competente, "L. A. Girlz", a inusitadamente dançante "Jacked Up", e a introspectiva "Endless Bummer". Belo encerramento, diga-se. E, temos aqui um saldo bastante positivo. Um disco de rock puro e simples, quase descompromissado. Uma alento aos ouvidos. E, a prova de que o Weezer ainda tem muita palha pra queimar. Por sinal, qual seria a cor de um próximo disco deles? Preta? Façam as suas apostas, porém, algo é quase certo: ouviremos, de novo, um discão.


NOTA: 8/10

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