Dica de Disco

Momentary Masters
2015
Artista: Albert Hammond Jr


Um álbum solo é sempre um interessante exercício para o ouvinte mais ocasional, que gosta de uma determinado grupo. Curtindo uma banda em específico, às vezes, pouco ou nada se sabe como cada integrante soaria se fizesse algo próprio. E, não raro são os casos em que o resultado sai tão bom quanto seus grupos de origem. É o caso desse disco de Albert Hammond Jr., guitarrista do Strokes. Responsável pelas bases mais barulhentas, com guitarras bastante estridentes, era de se imaginar que um álbum solo dele soasse assim, certo? Porém, não é bem assim.


Logo na primeira faixa, "Born Slippy", percebe-se uma preocupação com melodias assobiáveis, unidas a base guitarrísticas minimalistas, típicas dos anos 80. E, o resultado, acreditem, ficou bom. Tanto é que a segunda música deste disco, "Power Hungry", soa muito com New Order. É quase como um revival sem ser, necessariamente, um revival, já que a estrutura da canção tem um quê bem moderno. Junto com "Born Slippy" faz um dupla legal de cartão de visitas para um trabalho que promete ser agradável.


Eis que a terceira faixa nos presenteia com "Caught by My Shadow", que soa como se o Arctic Monkeys tivessem voltado às origens, adicionando uns sintetizadores aqui e acolá. O resultado? Um rock alternativo de respeito. Já "Coming to Getcha" soa mais intimista, soturna, triste. E, igualmente, como as outras, mantém o disco num bom nível. Percebe-se, até agora, o cuidado de Hammond com uma coisa: a base melódica das músicas. Tudo é de bom gosto, simples, sem experimentalismos desnecessários, e com curta duração, como um disco urgente desses tem que ser.


Chegamos à metade do álbum com "Losing Touch", que também é muito bacana. Essa, por sinal, é a primeira que já lembra mais algo na linha do Strokes, mas, sem soar cópia. Música animada e poderosa na medida. Ah, e a pequena distorção no final da música dá uma charme a mais a ela. Coisa fina. É, então, que chegamos a "Don't Thing Twice", num clima quase dançante, quase lembrando Supergrass. Mais uma bela faixa com atitude, com a habilidade de Hammond em criar algo interessante em cima de uma referência, relativamente, antiga. Ponto pra ele.


"Razor's Edge" é outra música que lembra o trabalho do guitarrista no Strokes, só que ele, ao contrário das demais, não tem tanto carisma assim. É, animada, é dançante, é pesada, mas, só. Já, a seguinte, "Touché", mostra-se mais diferenciada, com um ótimo riff de guitarra. Não é um dos destaques do disco, mas, funciona muito bem, e agrada. "Drunched in Crumbs" e "Side Boob" encerram o disco, basicamente, reunindo o que de melhor Hammond mostrou ao longo desse trabalho. Ótimo resumo, ótima finalização, trabalho cumprido.


Bom dizer que como vocalista, Albert Hammond Jr. remete bastante a Alex Turner, cantor do Arctic Monkeys, o que não é, necessariamente, algo ruim. Pode incomodar alguns fãs mais xiitas, porém, o jeito de Hammond cantar é bem condizente com a proposta do som, e, já que funciona, não há porque ser tão rígido quanto a isso. No geral, "Momentary Masters" é uma ótima pedida, não somente para os apreciadores do Strokes, mas, de rock alternativo como um todo. Um trabalho simples, contudo, honesto. O que, nesses tempos, já é muito válido.


NOTA: 8/10

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