Dica de Disco
Tiny Music... Songs from the Vatican Gift Shop
1996
Artista: Stone Temple Pilots
"Viver uma vida pop é tão real
Crianças dos fazendeiros do centro-oeste bebem leite
Criando e incubando é o que você vê
Dez anos depois aqui na TV
O Pai não pode amar a sua mulher
O Pai não pode ensinar aos seus filhos
Implosões de amor de longo alcance pouco malignas
Ondas curtas das explosões da mente."
"Exposição do retrato da dama que se esconde atrás da porta do quarto
Exposição do retrato da dama, acho que aqueles rapazes não gostam do seu show
O retrato exposto da dama mostra para aqueles garotos o que foi feito, deveria simplesmente dizer não."
Tiny Music... Songs from the Vatican Gift Shop
1996
Artista: Stone Temple Pilots
Poucos discos na década de 90 puderam se gabar por serem tão ricos e criativos quanto este. Precisou uma banda (o Stone Temple Pilots) ser acusada de plagiar outra em seu álbum de estreia (no caso, o Pearl Jam) para que demonstrassem luz própria no lançamento seguinte ("Puple"), e praticamente se reformulassem, sonoramente, neste terceiro rebento, a ponto de parecerem outra banda. Sem contar que o vocalista, Scott Weiland, foi preso por porte de cocaína, e ocorreram problemas internos bem pesados no grupo. Ou seja, o ambiente ideal para a composição de um clássico!
Porém, se tais problemas afetaram ou não o modos operandi de trabalhar deles, o certo é que, de cara, "Tiny Music..." traz um deferencial muito significativo em relação aos discos anteriores: o tipo de som. Se antes podíamos ouvir ecos do grunge (sim, remetia a Eddie Vedder e cia), aqui, eles usam influência distintas para criarem algo único e potente. Tudo imerso numa postura mais glam rock, emulando artistas como o T-Rex, por exemplo.
Não se enganem. A calmíssima (e rápida) introdução com "Press Play" é só para deixar o ouvinte ambientado para as duas pérolas que veem a seguir: "Pop's Love Suicide" e "Tumble in the Rough". Até as letras estão mais cínicas e desiludidas, caso de "Pop's Love Suicide":
Crianças dos fazendeiros do centro-oeste bebem leite
Criando e incubando é o que você vê
Dez anos depois aqui na TV
O Pai não pode amar a sua mulher
O Pai não pode ensinar aos seus filhos
Implosões de amor de longo alcance pouco malignas
Ondas curtas das explosões da mente."
E, isso só porque a quarta música de "Tiny Music" é, simplesmente fantástica. "Big Bang Baby é sexy, atraente, vibrante, energética. Realmente, é como se Marc Bolan tivesse reencarnado nos anos 90, aprendido as melhores partes do novo rock alternativo, e, pela experiência, forjasse algo desse quilate. "Lady Picture Show" é a balada do disco. Mas, uma balada intensa, triste, desiludida. Efeito da vida conturbada dos integrantes da banda na época? Pode ser. A letra é vaga:
"Exposição do retrato da dama que se esconde atrás da porta do quarto
Exposição do retrato da dama, acho que aqueles rapazes não gostam do seu show
O retrato exposto da dama mostra para aqueles garotos o que foi feito, deveria simplesmente dizer não."
"And So I Know" cumpre bem o seu intento: é linda. E, prova que o grande pilar do Stone Temple Pilots sempre foi a voz arrastada e passional de Weiland unida magistralmente à guitarra, ora limpa, ora estridente, de Dean De Leo. A rápida "Trippin' on a Hole in a Paper Heart" simplesmente não tem defeito. Pesada, com um ótimo solo de DeLeo, era ótima para encerrar shows memoráveis do grupo (que pôde conferí-los no SWU de 2011, sabe do que digo).
"Art School Girl" é cheia de nuances e mudanças de andamento. Mesclando algo mais pop com passagens mais pesadas, é aquele tipo de canção que instiga a cada audição. Somente a letra que é um tanto fraca. Logo a seguir, mais uma ótima (e nada chata) balada: "Adhesive". Sua intensidade de interpretação, com uma soberba sonoridade, é proporcional à composição bem construída das palavras:
"Escute e preste a atenção
Aqui está uma canção, se você não se importa
Todos nós podemos apenas sussurrar
Palavras não importam mais
Pontada no útero e molhando a cama, com um sussurro estarei morto
Não deixe que os vivos morram ainda! Agarre o ódio ...
Afogue-o
Agarre a batida...
Batuque
É tudo tão confuso."
"Ride the Cliché" parece uma boa junção dos dois discos anteriores deles, sem quererem imitar ninguém, e ainda imprimindo uma marca mais do que própria. Destaque do álbum fácil, fácil. A instrumental e quase praiana "Daisy" é o prelúdio do fim (pelo menos, de um disco fenomenal).Então, chegamos ao encerramento de fato e de direito com "Seven Caged Tigers", e que meio que resume este trabalho. A união de todo o que de melhor a banda apresentou em "Tiny Music..." está aqui: desde a voz sempre ótima de Weiland, até a distorcida e poderosa guitarra de Deleo. Não poderia haver ocaso melhor.
Uma pena (uma pena, mesmo) que, recentemente, Scott Weiland tenha deixado este plano, com apenas 48 anos, e ainda com muita contribuição à boa música. Uma das mais significativas vozes da geração anos 90 do rock, sem dúvida, ao lado de Chris Cornell e Layne Staley. E, "Tiny Music... Songs from the Vatican Gift Shop" é o melhor testamento que ele podia ter deixado, um álbum que os amentes mais jovens de rock, realmente, precisam ouvir. Com urgência.
Nota: 10/10
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