Dica de Disco

Killer be Killed
2015
Artista: Killer be Killed


Super grupos são um belo exercício de arejada em artistas que querem tocar de forma mais livre do que nas suas bandas originais. O Killer be Killed ainda prova que o resultado pode soar até melhor do nos grupos originais de cada integrante. Temos, por exemplo, Max Cavalera, atualmente no Soulfly e no Cavalera Conspiracy, que está bastante à vontade tocando guitarra e tendo apenas algumas incursões vocais aqui e acolá, sem tantos holofotes.

Na realidade, a atenção se concentra, nos dois outros cantores, o baixista Troy Sanders (do Mastodon) e Greg Puciato (do The Dilinger Escape Plan). E, cada um trazendo sua marca registrada, mesclando os vocais, às vezes, na mesma música, mas, soando com uma unidade incrível. Troy com sua voz cavernosa e arrastada e Greg puxado mais para um hardcore melódico. Completa o quarteto a metralhadora na bateria Dave Elitch, que era do Mars Volta.

Este primeiro registro do grupo é um conjunto de ótimas e energéticas músicas, que, justamente, por serem executadas por artistas de diferente vertentes do rock pesado, acaba soando eclético e com vigor. A primeira música do disco, "Wings of Feather and Wax" demonstra bem isso. Enquanto o "corpo" da canção fica por conta das potentes vozes de Max e Troy, o pegajoso refrão fica a cargo de Greg. É facilmente um hit (de qualidade, diga-se).

Clipe oficial de "Wings of Feather and Wax":


A faixa seguinte, "Face Down", consegue ser ainda mais pesada que a antecessora, com todos os vocalistas mostrando excelente forma (até o melódico Greg, que, nessa música, parece ter incorporado o próprio Max Cavalera). Só que chega "Melting of My Marrow", e, com ela, um clima bem mais arrastado do que ela pede. O destaque são Max e Troy, mas, a canção é apenas passável. Até boa, mas, bem inferior às duas primeiras.

As coisas voltam ao eixos com "Snakes of Jehovah", que com suas mudanças de andamento, não enjoa em momento algum. Nessa, não há lugar para partes melódicas, onde todos os integrantes são o destaque.  Inclusive, essa é daquelas músicas que ficam ótimas ao vivo, pois ela tem muito de um hardcore rápido e muito pesado. É o que pode ser dito da quem vem a seguir, "Curb Crusher", cuja introdução seca de bateria preconiza muita velocidade e energia, lembrando muitos dos melhores momentos recentes do Mastodon.

Clipe oficial de "Snakes of Jehovah":


"Save the Robots" começa climática, e tem uma aura mais alternativa. Aqui, temos algo mais voltado pro new metal, com uma mistura de Deftones com Slipknot, só que soando bem melhor do que essas referidas bandas. Ponto pro Killer be Killed. A veloz e potente "Fire To Your Flag" já remete a um Lamb of God da vida, com partes até bem trabalhadas. Já, a modorrenta "I.E.D." até tenta empolgar, mas, não engrena. Parece no piloto automático o tempo todo. Faixa desnecessária.

Mas, aí chega aquela que é, sem sombra de dúvida, a melhor canção do disco: "Dust Into Darkness". O peso nos leva, de início, a pensar no bom e velho Sabbath, para depois desembocar num refrão espetacular cantado com muita competência por Greg Puciato. Não tem como não cantá-la após umas duas ouvidas. Catarse sonora. Em seguida temos mais duas boas faixas: a cadenciada "Twelve Labors" e a quase experimental "Forbidden Fire". Se não são as melhores do trabalho, ao menos fecham o álbum com categoria.

Clipe oficial de "Curb Crusher": 


E, no final, o que temos aqui é um ótimo e audível disco do bom heavy metal, daqueles que dá vontade de ouvir de novo ao seu término. Mesclando o que de melhor cada integrante trouxe de suas bandas originais, o conjunto acabou ficando diversificado, descendo redondo. Não vai revolucionar o rock pesado, mas, proporciona uma ótima diversão durante suas 11 pedradas certeiras. Que o Killer be Killed não tenha ficado somente nesse primeiro registro.


NOTA: 8/10

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