Dica de disco

The Devil Put Dinosaurs Here
2013
Artista: Alice in Chains


Perder um integrante de uma banda nunca é fácil, principalmente, quando ele era um dos pilares do grupo, amplamente conhecido pelo seu público. Quando se trata do vocalista, então, poucas vezes na história do rock substituições assim deram certo (Dio, Covardale e Brian Johnson foram raras exceções). Chegamos ao Alice in Chains. Expoente do grunge nos anos 90, até com uma pegada no som mais diferenciada dos artistas que estavam surgindo em Seatle (mais puxada para o heavy metal), ela foi estrondosa com os im,pecáveis "Facelift" e "Dirt", mas, o seu vocalista, Layne Staley, sucumbiu ao vício das drogas, morrendo em 2002, devido a uma overdose. O mais natural era que a banda acabasse, até mesmo porque o grunge, em si, parecia estar, digamos, "fora de moda".

Eis que surge na vida da banda o cantor William DuVall no ano de 2006, após o grupo fazer uma série de shows para uma provável reunião. O casamento estava formado. DuVall se mostrava um bom vocalista, apesar de não ter a mesma força na voz que Staley, mas, é bom lembrar que o guitarrista Jerry Cantreel continuou lá. Pra quem foi o Alice in Chains no auge, sabe que boa parte da qualidade da banda se deve ao instrumentista, além dele ser também um ótimo vocalista, em linhas gerais, até melhor do que DuVall. Com isso, chegamos a "The Devil Put Dinossaurs Here", segundo trabalho dessa nova formação, e um discaço de rock, a bem da verdade.



Neste disco específico, muitos podem até dizer que a banda se repete demais, deixando todas as músicas com ar muito depressivo. Em contrapartida, essas pessoas nunca devem ter ouvido um disco inteiro do Alice, apenas singles, como "Man in the Box" e "Would?", e a parti de apenas isso, tiram conclusões de como era o som da banda fase-Layne Staley. Ora, Jerry Cantrell e cia estão fazendo o que sempre fizeram, só que mais maduros. Notem, por exemplo, que o som parece menos "cru", e está mais clasudo, mais "cheio". E, convenhamos: escutar os acordes de Cantrell é sempre um deleite.

Em "The Devil...", o grupo continua com a capacidade de fazer músicas densas, pesadas e tristes, mas, com um clima agradável e audível. É assim que pode ser resumida a canção que o disco, "Hollow", cujo refrão é impossível não sair cantando junto depois de umas audições. Logo após, temos duas que são "puro" Alice in Chains: "Pretty Done" e "Stone", muito boas. o revival do próprio som do grupo nos pega em cheio com "Voices", cuja veia acústica está no mesmo patamar que "Heaven Beside You" e "No Excurses". Coisa fina.



A canção que dá nome ao disco é arrastada, mas, tem um bom refrão e um instrumental  "Lab Monkey", que vem a seguir, é bem melhor, mais instigante, onde DuVall se destaca de maneira muito positiva. E, é DuVall que brilha também em "Low Celling", provando que sua entrada no Alice deu um vigor diferente à banda. Nem melhor, nem pior do que antes; apenas, diferente. Por sinal, é a mesma impressão que se tem ao escutar a 8ª faixa, "Breath On a Window", e que também mostra que o talento de Cantrell para escrever refrões pegajosos continua intacto. Bom pra nós.

Com "Scalpel", temos mais um som acústico, mas, que não chega aos pés dos melhores momentos desplugados da banda. Ok, a canção é até agradável aos ouvidos, porém, dificilmente, alguém terá vontade de ouví-la de novo. Muito mais interessante é a longa "Phantom Limb", música que escancara a vertente heavy do grupo, fazendo dela, um dos momentos mais sublimes do álbum. O disco se encerra com as climáticas "Hung on a Hook" e "Choke", que até possuem alguma que até possuem alguma qualidade, no entanto, bem longe dos melhores momentos do disco. Aí, sim, temos todo direito de ter saudade de uma "Would?" da vida



Mesmo não sendo um primor, muito menos, o melhor trabalho do Alice in Chains, "The Devil Put Dinossaurs Here" é um disco competente que tanto pode agradar aos fãs mais ortodoxos da banda,m quando aos marinheiros de primeira viagem. Por todo o inferno astral pelo qual o grupo passou ao longo dos anos, chegar com um disco desses no mercado é algo a se comemorar, sem dúvida. Ah, se todos os dinossauros (da música) tivessem essa  mesma instiga depois de anos de estrada...


NOTA: 8/10

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